Salvar o Belém
No disparo, uma campanha para despoluir o Rio Belém, o mais curitibano dos cursos d’água da praça. Já não se trata daqueles desfiles de jovens que plantam árvores ou que vão até a sua cabeceira nos olhos d’água na Barreirinha. Fala-se agora num plano até 2040 para tirar todos os mínimos vestígios de degradação ao longo do seu curso. E isso se poderia fazer simplesmente obrigando a ligação dos domicílios à rede de esgotos com o funcionamento efetivo do convênio entre prefeitura e Sanepar, hoje com governos politicamente simétricos, impedindo a rotina do crime ambiental do lançamento de rejeitos diretamente no rio.
Até bem pouco tempo atrás, embora os ambientalistas nada reclamassem, o esgoto do Centro Cívico das nossas ínclitas autoridades era lançado no rio, uma vergonha para quem vivia posando de modelo em escala até internacional. Não dá para suportar a mentira estatística quando se fala na questão do esgoto e seu tratamento e o percentual respectivo de sua rede que ignora a ação clandestina referida.
Fez-se muita festa sobre Curitiba com seus parques que na verdade controlaram a vazão dos seus rios. Todavia, ninguém ignora a podridão das águas, cuja degradação é oculta em parte pelas barragens que retêm os sedimentos de fundo como se dá nos parques São Lourenço com o Belém e o Barigui, dos mais importantes da cidade. No governo José Richa, a empresa Trombini inaugurou no Barigui das Mercês um sistema moderno de tratamento de efluentes no qual um técnico detectou sinais de metais pesados nas águas, provavelmente decorrente de ações curiosas com mercúrio em suas áreas mais distantes em Almirante Tamandaré. Por sinal que, ao longo da bacia do Iguaçu, nas represas, em espécimes de fundo, houve registro de mercúrio nas vísceras. Quando se fala em revitalizar o Iguaçu, do qual o Belém é um singelo contribuinte, já se imagina uma utopia. Se sanear o Belém iria até 2040, imagine-se como fazê-lo com o Iguaçu tão agredido desde sua cabeceira, embora a imponência de sua foz com as cataratas que nestes dias esteve apinhada de turistas.