Folha de Londrina

Medo faz parte da rotina

-

A aposentada Marinalva Novaes dos Santos, 68, tem a sorte de ter uma família que a acolhe e protege. “Moro no mesmo quintal que a família de uma das minhas filhas. Para mim e meu esposo é muito bom, porque eles cuidam da gente”, conta.

Por saber a importânci­a de ter proteção, ela ficou triste quando viu uma colega sendo submetida a maus-tratos pelo próprio filho. Por isso, decidiu denunciá-lo à polícia. “Ele deixava a mãe sozinha o dia inteiro, viajava e não dizia quando ia voltar... Ela ficava até deprimida”, lembra. Conforme Santos, o delegado chamou o responsáve­l pela idosa e o advertiu. “Foi muito bom, porque ele entendeu e passou a ser mais cuidadoso”, relatou.

O também aposentado José Magnanti, 89, ficou viúvo há dez anos e desde então mora com o filho e a esposa. “Para mim é muito bom, pois recebo cuidados”, conta. Ele afirma que teme a violência urbana e tenta ser cuidadoso para não sofrer assaltos. “A fragilidad­e dos idosos deixa a gente com mais medo, pois não podemos medir forças”, diz.

Ao contrário de muitos colegas do Centro de Convivênci­a, a aposentada Terezinha Dias de Souza, 80, prefere morar sozinha. “Minhas filhas insistem para me levar para a casa delas, mas não tenho vontade. Eu saio e chego na hora que quero, faço muitas atividades e prefiro ter meu canto”, afirma. Apesar da opção, ela garante que se sente muito protegida pela família, que está sempre

em contato. “Ouço falar de violência, mas não tenho medo. Estou sendo cuidada.”

Já a pensionist­a Irma Herta Uhlmann Gerhard,

80, não tem escolha sobre o local onde morar. Viúva e sem filhos, ela mora sozinha e fica assustada quando ouve histórias de violência. “Só saio à noite em

último caso”, relata ela, que conta com o apoio de uma vizinha quando precisa de algum cuidado especial. “Não tenho filhos, mas tenho amigos”, expõe.(C.A.)

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil