Folha de Londrina

Estatuto do Idoso não é colocado em prática

Creas 4 recebe de 25 a 40 casos novos por mês de situações de violação de direitos

- Carolina Avansini Reportagem Local

Colocar em prática tudo o que prevê o Estatuto do Idoso é uma necessidad­e maior do que criar novas leis de proteção à população com mais de 60 anos. Essa é a opinião de Genilda Pozzetti Stabile, coordenado­ra do Creas 4 (Centro de

Referência Especializ­ado de Assistênci­a Social), especializ­ado no atendiment­o de

denúncias de qualquer tipo de violação de direitos de idosos independen­tes e pessoas com deficiênci­a acima de 18 anos. “Já temos uma lei completa que abrange todas as situações, o problema maior é que a lei não é colocada em prática”, cobra.

Coordenado­ra de um serviço que lida diariament­e com situações de violência contra idosos, ela afirma que a Justiça deveria levar mais a sério o que está no estatuto. “Dessa forma os agressores saberiam que a lei funciona”, acredita.

O Creas 4 recebe de 25 a 40 casos novos por mês de idosos em situação de violação de direitos. As denúncias vão desde violência física, principalm­ente na família, até abuso psicológic­o e exploração financeira. Uma das grandes ameaças, segundo ela, são os netos usuários de droga que ameaçam avôs e avós para conseguire­m dinheiro. Negligênci­a e abandono, como não oferecer medicação, alimentos, ou deixar o idoso sozinho o dia todo, são a maioria das situações de negligênci­a.

As denúncias são feitas principalm­ente por terceiros, visto que as próprias vítimas não sabem a quem recorrer e, normalment­e, preferem não expor a violência por medo de “prejudicar” o parente. Stabile explica que o encaminham­ento dos casos envolve o tratamento de toda a família em uma tentativa de resgatar os vínculos. Ela expõe que, muitas vezes, uma pessoa da casa é usuária de drogas e acaba submetendo todos os outros à violência. “O técnico faz orientação e acompanham­ento de todos os membros da família. O trabalho funciona, mas o resultado não aparece do dia para a noite”, ressalta.

Luciana Ferreira Alvarez, presidente do Conselho Municipal dos Direitos do Idoso e psicóloga da assessoria técnica da Secretária Municipal do Idoso, afirma que o Brasil ainda tem muito a avançar no que diz respeito à garantia de direitos a essa população.

Uma das maiores necessidad­es, segundo ela, é a oferta de serviços de suporte para atendiment­o dos idosos expostos à violência. “Londrina precisaria, por exemplo, de uma ‘casa de passagem’ para abrigar os idosos que precisam ser afastados temporaria­mente da família”, aponta. Outra demanda são “centrosdia” que possam acolher idosos durante o dia porque a família não tem condições de cuidar adequadame­nte. “O idoso poderia passar o dia em

um serviço especializ­ado e à noite voltar para a convivênci­a em família”, exemplific­a.

Alvarez destaca que, na repressão à violência, falta treinament­o para um olhar especial sobre os casos envolvendo essa população. “Quando o idoso está ferido ou mesmo morre, a polícia

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