É necessário discutir o projeto de vida dos jovens
A educação tem que se comprometer em colaborar na construção do protagonismo dos estudantes em suas vidas”
A sociedade mudou de forma acelerada, novas configurações nas relações e demandas diferenciadas no que diz respeito à formação do indivíduo fazem parte da discussão atual. Sem dúvida, a escola passou a desempenhar um novo papel, porém as incertezas de pais, responsáveis e educadores tornaram-se cada vez maiores, em relação a como educar e agir na mediação de conflitos.
Em especial, no período da adolescência a crise fica acentuada e os conflitos de gerações aparecem com todas as suas facetas. A escola não fica imune ao processo que torna-se dolorido para todos: pais, educadores e alunos. Neste momento, é gerado o saudosismo dos professores da velha forma de educação e, principalmente, do comportamento dos adolescentes na escola, o que não resolve o problema e somente agrava a crise.
Todo comportamento humano deve ser analisado à luz dos parâmetros históricos e sociais, resultando em atitudes e demandas diferenciadas para cada geração, que desenvolvem estilos de vidas diferentes.
Como é de ciência de todos, a adolescência é um momento de crise, ao qual na atualidade deixou de ser somente um problema familiar. A escola é chamada para discutir e atuar neste momento de transição de vida de seus alunos, que devem ser vislumbrados como educandos. Com esse contexto, a educação não pode estar somente voltada para a formação acadêmica. Alternativas na educação que eduquem para a vida são extremamente necessárias.
Evidentemente, os espaços utilizados não podem ser os tradicionais nos quais o professor fala e o aluno escuta e aceita como verdade absoluta. A formação dessa nova geração perpassa por espaços educativos de sociabilidade, e uma das grandes características está pautada no constante diálogo, debate e novas formas de discutir como empreender para a vida.
Ao vislumbrar a realidade, observa-se que a mudança do papel da educação tornou-se um caminho sem volta. Cabe ao sistema educacional, público e privado, criar novas formas de mediar os conflitos e chamar seu público para a discussão de grandes questões como “quem sou eu?” “o que eu posso ser?”. A escola deve trabalhar com espaços que conduzam os alunos a se colocarem como protagonistas de suas histórias e agentes de transformação social.
Cada vez mais vislumbrar a formação do projeto de vida, dentro do espaço educacional, grita como necessidade, que pode colaborar em todo o processo de formação deste educando que deve ser reconhecido como um ser integral.
Antes de apreender como entrar em uma boa faculdade e ser bem-sucedido ganhando um bom salário, adolescentes estão sedentos em discutir o que realmente os fazem felizes e quem são no mundo na ordem do dia. Essa discussão é uma responsabilidade compartilhada entre família e sistema educacional.
Está lançado o desafio, que diz respeito à formação de indivíduos que estarão à frente da sociedade do amanhã. A educação tem que se comprometer em colaborar na autoria, autonomia, construção do protagonismo dos estudantes em suas vidas.
A educação deve criar espaços para que através de oficinas e vivências promova a construção de um projeto de vida. A partir do empreendedorismo pessoal, que tem como finalidade o autoconhecimento, a transformação de sonhos em metas e realizações. Deve-se buscar a interação com a sociedade e suas mazelas e a responsabilidade de cada um na transformação da mesma, o que perpassa até mesmo pela violência que pulou o muro das escolas e invadiu a sala de aula.
JACQUELINE MARÇAL é professora de Empreendedorismo Social em Londrina