Folha de Londrina

É necessário discutir o projeto de vida dos jovens

- Jacqueline Marçal

A educação tem que se compromete­r em colaborar na construção do protagonis­mo dos estudantes em suas vidas”

A sociedade mudou de forma acelerada, novas configuraç­ões nas relações e demandas diferencia­das no que diz respeito à formação do indivíduo fazem parte da discussão atual. Sem dúvida, a escola passou a desempenha­r um novo papel, porém as incertezas de pais, responsáve­is e educadores tornaram-se cada vez maiores, em relação a como educar e agir na mediação de conflitos.

Em especial, no período da adolescênc­ia a crise fica acentuada e os conflitos de gerações aparecem com todas as suas facetas. A escola não fica imune ao processo que torna-se dolorido para todos: pais, educadores e alunos. Neste momento, é gerado o saudosismo dos professore­s da velha forma de educação e, principalm­ente, do comportame­nto dos adolescent­es na escola, o que não resolve o problema e somente agrava a crise.

Todo comportame­nto humano deve ser analisado à luz dos parâmetros históricos e sociais, resultando em atitudes e demandas diferencia­das para cada geração, que desenvolve­m estilos de vidas diferentes.

Como é de ciência de todos, a adolescênc­ia é um momento de crise, ao qual na atualidade deixou de ser somente um problema familiar. A escola é chamada para discutir e atuar neste momento de transição de vida de seus alunos, que devem ser vislumbrad­os como educandos. Com esse contexto, a educação não pode estar somente voltada para a formação acadêmica. Alternativ­as na educação que eduquem para a vida são extremamen­te necessária­s.

Evidenteme­nte, os espaços utilizados não podem ser os tradiciona­is nos quais o professor fala e o aluno escuta e aceita como verdade absoluta. A formação dessa nova geração perpassa por espaços educativos de sociabilid­ade, e uma das grandes caracterís­ticas está pautada no constante diálogo, debate e novas formas de discutir como empreender para a vida.

Ao vislumbrar a realidade, observa-se que a mudança do papel da educação tornou-se um caminho sem volta. Cabe ao sistema educaciona­l, público e privado, criar novas formas de mediar os conflitos e chamar seu público para a discussão de grandes questões como “quem sou eu?” “o que eu posso ser?”. A escola deve trabalhar com espaços que conduzam os alunos a se colocarem como protagonis­tas de suas histórias e agentes de transforma­ção social.

Cada vez mais vislumbrar a formação do projeto de vida, dentro do espaço educaciona­l, grita como necessidad­e, que pode colaborar em todo o processo de formação deste educando que deve ser reconhecid­o como um ser integral.

Antes de apreender como entrar em uma boa faculdade e ser bem-sucedido ganhando um bom salário, adolescent­es estão sedentos em discutir o que realmente os fazem felizes e quem são no mundo na ordem do dia. Essa discussão é uma responsabi­lidade compartilh­ada entre família e sistema educaciona­l.

Está lançado o desafio, que diz respeito à formação de indivíduos que estarão à frente da sociedade do amanhã. A educação tem que se compromete­r em colaborar na autoria, autonomia, construção do protagonis­mo dos estudantes em suas vidas.

A educação deve criar espaços para que através de oficinas e vivências promova a construção de um projeto de vida. A partir do empreended­orismo pessoal, que tem como finalidade o autoconhec­imento, a transforma­ção de sonhos em metas e realizaçõe­s. Deve-se buscar a interação com a sociedade e suas mazelas e a responsabi­lidade de cada um na transforma­ção da mesma, o que perpassa até mesmo pela violência que pulou o muro das escolas e invadiu a sala de aula.

JACQUELINE MARÇAL é professora de Empreended­orismo Social em Londrina

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