Folha de Londrina

Via Expressa completa 40 anos

Com 8,5 quilômetro­s de extensão, pista foi inaugurada em 11 de setembro de 1977; engenheiro­s consideram a Dez de Dezembro uma das grandes obras da cidade

- Vítor Ogawa Reportagem Local

AAvenida Dez de Dezembro, conhecida popularmen­te pelo nome de Via Expressa, completa 40 anos de inauguraçã­o nesta segundafei­ra (11). Iniciada no governo do prefeito José Richa (19731977), a pista foi entregue em 1977, no governo de Antonio Belinati (1977-1982), com 8,5 quilômetro­s de extensão, com viadutos em cinco vias e obras complement­ares, como a duplicação da antiga rua Jacarezinh­o (que se tornou a avenida Juscelino Kubitschek), totalizand­o mais de 14 mil metros de extensão de vias.

O projeto surgiu de uma linha de recursos oferecida pelo BNH (Banco Nacional da Habitação), que na época financiava e produzia empreendim­entos imobiliári­os, nos mesmos moldes do que faz atualmente a Caixa Econômica Federal.

Segundo o arquiteto e urbanista João Baptista Bortolotti, que, à época, era diretor de Planejamen­to da Prefeitura de Londrina, havia uma preocupaçã­o do governo em melhorar a infraestru­tura das cidades de médio porte para evitar ou reduzir a migração para os grandes centros, o que estava provocando “um caos”.

“Aqui na região isso aconteceu por causa da geada de 1975 e logo surgiram mais de 11 favelas na área urbana, com população bastante numerosas. Uma delas, que ficava atrás do moinho de trigo, tinha mais de 4.000 pessoas. Foi por isso que surgiu o Projeto Cura (programa de renovação urbana, que dotou bairros precários com infraestru­tura adequada) e pelo mesmo motivo o BNH lançou um programa de construção de vias expressas”, historia.

Ele conta que, em 1974, a prefeitura havia contratado uma empresa de São Paulo para fazer um plano de transporte urbano e definir o sistema viário e de circulação. “Estávamos trabalhand­o nisso quando o BNH lançou o programa de vias expressas. Ainda não tínhamos o projeto, mas eu o desenhei para pleitear os recursos para que ela formasse uma via estrutural norte-sul. A outra via estrutural

LICITAÇÃO

O engenheiro Evaldo Florindo Medina Fabian, 69, que na época tinha 29 anos e ainda não fazia parte da diretoria da Plaenge, relembra como a empresa acabou responsáve­l pela construção de vários viadutos ao longo da via. “Pelo que me lembro, o [ José] Richa conseguiu uma verba do governo federal, mas na primeira licitação a prefeitura chamou grandes empresas para executar as obras em um pacote só e o preço ficou 30% acima da verba disponível. A prefeitura não tinha essa diferença. Nessa licitação nenhuma empresa de Londrina participou.”

O engenheiro conta que, para baratear, a solução foi fatiar as obras em vários lotes e chamar as empresas locais. A Plaenge participou da licitação para a construção de sete viadutos: dois na Rua Jacarezinh­o (atual Avenida Juscelino Kubitschek), dois de acesso à Avenida Santos Dumont, dois da avenida Paraná e um da linha férrea. Havia um outro viaduto na rua Bolívia que foi construído por uma empresa de Maringá.

“Para a tecnologia na época não existiam empresas em Londrina com experiênci­a em fazer isso. A vantagem é que estudei em São Paulo e tive matérias de concreto protendido e cimbrament­o (técnicas de construção) e fiz estágio em uma grande construtor­a e tinha ideia de como fazer isso”, conta Fabian.

Segundo ele, uma grande dificuldad­e é que não existiam empresas de locação de equipament­os de construção civil e que, ao se propor a realizar esta construção, a empresa tinha que adquirir tudo isso. “A decisão de contratar empresas locais foi uma decisão boa para o município. O dinheiro ficou na cidade e a construtor­a comprou máquinas que mais para frente acabaram ajudando a empresa”, avalia.

Um dos grandes desafios na construção da avenida foi a existência de um brejo, que impedia que a estrutura da pista ficasse firme. A solução encontrada foi a remoção de toda a lama, a estruturaç­ão de galerias pluviais do entorno, a canalizaçã­o do Córrego das Pombas e a substituiç­ão da terra removida por um solo mais firme, capaz de suportar o peso da pista e dos veículos.

Bortolotti reclama que desde aquela época os investimen­tos em grandes obras deixaram de existir. “Está faltando investimen­to. O cruzamento da Leste-Oeste com a Theodoro Victorelli tem projeto de viaduto, mas além dele existem vários projetos de adequação que estão parados no Ippul. O que falta é decisão política para fazer isso. Nunca foi fácil conseguir dinheiro para as obras, mas o que precisa é dizer ‘vamos trabalhar em cima disso’. Claro que é preciso investir na saúde e educação, mas não podemos esquecer o outro lado, senão trava tudo”, critica. Sobre as críticas do projeto não ter previsto a construção de mais passarelas, Bortolotti explica que na época o trecho possuía poucos moradores.

seria a Avenida Leste-Oeste (Arcebispo Dom Geraldo Fernandes), mas ela só seria possível depois que as linhas de trens saíssem de lá.” FUTURO

A diretora de Trânsito e Sistema Viário do Ippul, Denise Maria Ziober, explica que a maior intervençã­o na Dez de Dezembro nos próximos anos será a construção de um viaduto na rotatória da interseção com a Leste-Oeste. “Já temos licitado esse viaduto como parte do projeto SuperBus”, pontua.

O cronograma inicial previa que o novo viaduto seria concluído até o fim do ano que vem. Outro projeto que está engavetado no Ippul é o de uma passarela para pedestres na altura do local de onde está sendo construída a nova sede do IML (Instituto Médico Legal). No entanto, essa obra integrava uma série de projetos que seria financiada com recursos do BID (Banco Interameri­cano de Desenvolvi­mento), mas a alta do dólar impediu que o município acessasse esses recursos. Segundo Denise, o radar instalado nas proximidad­es reduziu os casos de atropelame­nto.

Outras obras relacionad­as à Avenida Dez de Dezembro são a melhoria da ligação com a marginal da PR-445. “O trecho da marginal da PR-445 entre a Dez de Dezembro e o Terminal Acapulco será duplicado”, projeta a diretora do Ippul.

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 ?? Arquivo Folha - 01/08/1976 ?? Construção do viaduto do cruzamento com a antiga Rua Jacarezinh­o, hoje Juscelino Kubitschek, em agosto de 1976; avenida tem cinco transposiç­ões
Arquivo Folha - 01/08/1976 Construção do viaduto do cruzamento com a antiga Rua Jacarezinh­o, hoje Juscelino Kubitschek, em agosto de 1976; avenida tem cinco transposiç­ões

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