Ratinho Jr. chama CPI da Quadro Negro de ‘bravata’
De saída da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano (Sedu) após quase quatro anos, Ratinho Jr. (PSD) reassumiu nessa terça-feira (12) seu mandato na Assembleia Legislativa (AL) do Paraná. Chegou à Casa por volta das 14 horas, cercado de colegas de partido e assessores, concedeu entrevistas e, de cara, rechaçou o pedido para instaurar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Quadro Negro. Até agora, a oposição ao governador Beto Richa (PSDB) possui 13 das 18 assinaturas necessárias.
“CPI a oito meses da eleição é bravata. Não acredito que, mesmo ela sendo importante para o Parlamento, seja mais eficaz que a Polícia Federal, o Tribunal de Contas e o Ministério Público. Seria mais palanque para discurso político”, afirmou. O argumento é o mesmo repetido pelos mais de 30 membros da bancada governista. “Quem tem que punir é o Judiciário. Quando você já tem instaurado processo investigatório, a mim CPI parece dispensável”, reforçou o líder da situação, Luiz Cláudio Romanelli (PSB).
As investigações da operação apontam o desvio de R$ 20 milhões de obras de escolas estaduais. O dono da construtora Valor, Eduardo Lopes de Souza, falou em delação premiada que o esquema abasteceu a campanha de reeleição de Beto, que nega a acusação. “A CPI tem poder judiciário e agiliza muito uma investigação. Estamos empenhados e faremos um movimento no Paraná inteiro, com audiências públicas, pedindo que a comunidade pressione os deputados”, rebateu o líder do PMDN, Nereu Moura.
Recordista de votos em 2014 – foram mais de 300 mil -, Ratinho Jr. abriu mão de disputar a presidência da AL para seguir no comando da Sedu e ao lado de Beto, a quem pretende suceder na chefia do Palácio Iguaçu. “A gente cumpriu um ciclo. É uma secretaria extremamente importante para o Paraná, para os municípios. Implantamos alguns projetos estratégicos e agora voltamos para cumprir o papel como parlamentar, de fiscalizar, mas também para conversar com outras agendas, outros assuntos e outros setores, no sentido de criar um bom programa para o futuro.”
Questionado sobre o momento conturbado que envolve o governo, ele defendeu que qualquer denúncia seja investigada. “Quem está na vida pública tem de estar aberto e preparado para ser fiscalizado”, resumiu. Negou, por outro lado, que tenha deixado o Executivo com o objetivo de se “descolar” da imagem do governador.
Um possível apoio de Beto permanece em pauta, apesar da concorrência interna da vice-governadora, Cida Borghetti (PP), que também pretende se candidatar ao governo. “Se o governador entender que ele pode ser candidato a senador e entender que o nosso partido pode ser uma boa opção, podemos conversar (…) Ela [Cida] tem mais do que ninguém o direito [de concorrer]. Faz parte de um partido importante do Brasil, um partido grande, e tem uma história no Paraná. Vai ter a aprovação da população aquele que apresentar o melhor projeto.”
Curitiba –