Condenação de Lula
Pelo que se deu nos últimos dias com Pedro Correa e José Dirceu, que tiveram suas penas ampliadas pelo Tribunal Federal da 4ª Região, dá para perceber que são escassas as perspectivas de Lula reverter a sua condenação por parte de Sérgio Moro. Só um fator o favorece, em função de manter a candidatura presidencial: a demora da apreciação de recursos, o que poderia mantê-la em vigor na passagem do tempo e transformá-la em fato consumado. Isso é se a possível condenação se desse tardiamente.
Fora do governo, desde o impeachment de Dilma Rousseff, escasseiam as fontes de recursos para a
movimentação do partido, fato plenamente constatado na precária mobilização de suas forças, bem inferior ao verificado em maio, o que foi captado pela área de segurança ao reduzir seus efetivos nas ações preventivas. Não pega bem para Lula o imaginário papel de mártir até porque a sua imagem de proletário não se ajusta a quem tanto faturou no decorrer do tempo com palestras a empresários amigos e integrantes do plano de ocupação nacional e internacional da força fraterna.
Visões diferenciadas de julgadores quanto à dosimetria penal favorecem recursos e embargos como se dá no caso de José Dirceu, o que é altamente interessante para seus advogados. Na linha estatística é rara, como se deu com o tesoureiro do PT, uma absolvição e no caso admitida na precariedade das provas sob o fundamento de que tudo se lastreou tão-somente em delações premiadas, o que firmou uma jurisprudência de risco nas ações punitivas.
De outro lado, a decisão fulminante e unânime do STF, por nove votos a zero, contra a pretensão de Michel Temer de dar um cartão vermelho ao procurador-geral da República. Rodrigo Janot, revela que a Corte não está disposta a concessões tão primárias, posto que Lula tenha juízo do “seu perseguidor” semelhante. Não participaram da goleada, os ministros Gilmar Mendes e Luiz Roberto Barroso.
Por sinal que, há um ponto de convergência claríssimo e comum à fauna política, entre lulistas e seguidores de Michel Temer: a ânsia manifesta de melar a Lava Jato. Nem o ressentimento da derrubada de Dilma, que poderia implicar em retaliação, oculta essa intenção presentes nos discursos de que o fluxo judicial ameaça a JBS como já fez com as grandes empreiteiras ceifando empregos.