Fux vê indícios de obstrução de Justiça contra Blairo Maggi
Ministro da Agricultura e outras cinco pessoas foram alvo de busca e apreensão com base em delação de ex-governador do Mato Grosso
Brasília -
O ministro Luiz Fux, do STF (Supremo Tribunal Federal), afirma que há “veementes indícios” de que o ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), além de outras cinco pessoas, tenham cometido crime de obstrução de Justiça em diversos fatos ocorridos entre 2014 e 2017. A informação consta de decisão e Fux que autorizou mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Blairo Maggi, cumpridos nessa quinta-feira (14).
O ministro afirma que na análise de depoimentos e documentos fornecidos a partir da delação premiada do exgovernador do Mato Grosso Silval Barbosa e seu ex-chefe de gabinete Sílvio Cesar Correa Araújo, “são veementes os indícios quanto ao cometimento do crime de obstrução de investigação de crimes de organização criminosa por parte de Blairo Borges Maggi, José Aparecido dos Santos, Gustavo Adolfo Capilé de Oliveira, Marcelo Avalone, Carlos Avalone Júnior e Carlos Eduardo Avalone”.
Na decisão, Fux relata três fatos apontados pela PGR (Procuradoria-Geral da República) que embasam o pedido de busca e apreensão devido a suspeitas de obstrução de Justiça.
O primeiro remete a 2013, depois da deflagração da Operação Ararath. Na ocasião, pessoas ligadas a Maggi teriam agido em nome dele para “unificar as linhas de defesa”, o que ocasionou na contratação do mesmo advogado por um grupo de investigados.
O segundo fato abrange alegações de delatores sobre uma suposta tentativa de Maggi de comprar por R$ 6 milhões o silêncio de investigados da Ararath em 2014.
Além disso, o ministro da Agricultura teria tentado comprar o silêncio de Silval depois que ele foi preso, em 2015.
“O terceiro e último fato narrado pelo procurador-geral da República, em apoio ao pedido de busca e apreensão, reside na atuação, em tese, de oferecimento de vantagem indevida a Silval Barbosa, em seguida à prisão deste no Centro de Custódia da Capital (Cuiabá-MT), no âmbito da operação Ararath, e das subsequentes tratativas noticiadas de que seria por ele assinado acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal”, escreveu Fux.
Maggi foi governador de Mato Grosso de 2003 a 2010. Na delação, Barbosa relata que no governo de Maggi “começou a se operar o chamado ‘mensalinho’ no ano de 2003, quando o colaborador era da Mesa Diretora [da Assembleia Legislativa]. Esse mensalinho era uma vantagem indevida que era paga para cada deputado estadual do Estado de Mato Grosso, tendo começado no ano de 2003, em torno de R$ 30 mil reais por deputado”.
OUTRO LADO
Em nota o ministro Blairo Maggi negou as acusações e afirmou ter “total interesse na apuração da verdade” e insistiu que “não houve pagamentos feitos ou autorizados por mim, ao então secretário Eder Moraes, para acobertar qualquer ato, conforme aponta de forma mentirosa o ex-governador Silval Barbosa em sua delação”. Disse que jamais se utilizou de “meios ilícitos na vida pública ou nas suas empresas”.