Ser ou não ser, eis a questão
Trato-me há 12 meses no IPO (Instituto Português de Oncologia). E sinto enorme diferença no trato hospitalar. Faço sessões de quimioterapia a cada 14 dias e sou informado por telefone e carta o horário da consulta que, na sua quase totalidade das vezes, é obedecido. Quando há outras clínicas, são encaixadas para o mesmo dia em horários diferentes. Como resido a 40 km do hospital, sou previamente avisado do horário que a condução irá passar em minha porta. Durante o tratamento, me é oferecido um lauto café da manhã (que eles chamam de pequeno almoço) e que é operado por voluntários aposentados que nada recebem pela prestação de serviços. No final dos procedimentos, sou reconduzido novamente ao lar. Os remédios são ofertados pelo governo e quando assim não procedem fornecem receitas que têm até 90% de desconto. Será que os R$ 51 milhões escondidos no apartamento do ex-ministro Geddel Vieira Lima, como é o caso do ex-governador do Rio de Janeiro e outros tantos que ouvimos falar diariamente, como agora é o caso da delação premiada do “italiano” Antonio Palocci, não dariam para mitigar a fome e a doença de milhões de conterrâneos nossos que morrem à míngua nas portas dos hospitais e de fome, literalmente. O nosso sistema está totalmente falido. Precisamos começar do zero e, no entanto, estamos contanto nos dedos os dias que faltam para no final do ano que vem votar novamente nesta corja que irá somente mudar de nome e endereço. A operação Lava Jato apareceu para levantar a ponta do iceberg e eles, os mil homens que dirigem o país, estão querendo extirpá-la. Cada operação descoberta fica mais claro o adágio popular: “Cada povo tem o governo que merece”. Quando criança ouvia dizer que o Brasil é um país em que se plantando tudo dá. Hoje podemos dizer: “Em se produzindo tudo se rouba e nós, infelizes eleitores, batemos palmas”.
EDSON MEDARDO SCARCHETTI (bacharel em Teologia) – Figueiró dos Vinhos (Portugal)