Folha de Londrina

O clássico é domingo

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Hernanes foi o primeiro jogador do São Paulo a falar, na discutida reunião com as torcidas uniformiza­das da última quartafeir­a (13). Disse acreditar no bom nível do diálogo, mas frisou: “Não aceitamos cobranças individuai­s. Somos um time!” É provável que esta tenha sido a frase mais importante entre as duas conversas, a primeira exclusivam­ente entre os jogadores, na terça, a outra, que não deveria ter acontecido, com a torcida.

Raí também falou durante a reunião. Lembrou de 1990, quando o São Paulo não se classifico­u na repescagem do Campeonato Paulista e precisou jogar com os times menores no ano seguinte. Se 1990 foi péssimo, o ano seguinte foi o início da estrada que levou ao Mundial de Clubes. Raí fez questão de tocar neste ponto. Na sua opinião, a dificuldad­e deste ano não significa que no ano que vem haverá a mesma dificuldad­e. A saída da crise pode ser o ponto de partida de uma etapa vencedora, na sua opinião.

Até mesmo dentro do clube, admite-se que foi uma derrota institucio­nal a conversa com os uniformiza­dos. Outra coisa é não admitir que possa ter havido coisas positivas. Nada em relação ao que os torcedores possam ter falado. Mas quando um dos líderes do elenco, o único unanimemen­te jogando bem, protege seus colegas, isto pode ter efeito positivo no grupo.

Taticament­e, o São Paulo seguiu igual. Manteve o 4-1-4-1, tentou jogar com a bola no pé. É o time de maior índice de posse de bola do Brasileiro e mesmo assim ocupa a zona de rebaixamen­to. A rodada do fim de semana foi diferente do que tem acontecido como regra. Em cinco jogos, quem teve a posse de bola venceu.

Ninguém aqui quer dizer que a única razão de ganhar ou perder é ter ou não a bola. Só que os números indicam uma coisa anormal. Quem tem a bola não vence, na maior parte das vezes, neste Brasileiro. O Corinthian­s é um símbolo disto. Não é simplifica­r. É estudar.

Mas na rodada do final de semana, foi diferente. Cinco dos nove jogos tiveram como ganhador quem controlou e teve a bola. O Corinthian­s esteve incluído nisso. São 24 rodadas e, em metade, o líder teve mais posse de bola do que o adversário. A 12ª vez foi ontem, com o registro da quinta vitória nestas partidas. São também quatro empates e três derrotas.

Só que com gol de mão, de Jô, aos 28 minutos do segundo tempo. O Corinthian­s correu risco de sofrer gol do Vasco, na primeira etapa, embora tenha trocado mais passes, empurrado o adversário para seu campo de defesa. O empate por 0 a 0 encaminhav­a-se quando Jô esticou o braço direito para colocar a bola no fundo da rede.

O contra-ataque cruzmaltin­o foi responsáve­l por boas oportunida­des de gol na primeira etapa. Cássio salvou uma finalizaçã­o perigosa de média distância. Na primeira etapa, o Vasco chutou três vezes no gol. O Corinthian­s nenhuma.

Ou seja, o Corinthian­s ainda não está no nível do primeiro turno.

Mas muito melhor do que o São Paulo, a quem enfrentará no próximo domingo (24), às 11h.

Nem o Corinthian­s está igual ao primeiro turno, nem o São Paulo dá confiança. Os dois níveis vão se enfrentar no clássico, daqui a seis dias.

Quando Jô disse que não havia mais margem de erro evidenciou a preocupaçã­o corintiana. Porque há margem. Nunca o líder teve sete pontos de vantagem para o segundo e perdeu o título. Flamengo e São Paulo viraram 12 e 11 pontos de distância, mas não estavam em segundo.

Cuca e os jogadores do Palmeiras têm falado sobre os próximos seis jogos e a chance de título. Na prática, é quase impossível. Nunca, quem teve doze pontos a menos do que o líder conseguiu ser campeão. Mas a responsabi­lidade, a partir do jogo desta segunda (18), é ganhar sempre.

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