Folha de Londrina

OPERAÇÃO SEM FILTRO –

Quadrilha operava duas fábricas em Minas Gerais, mas lavava dinheiro em Londrina

- Carolina Avansini Reportagem Local

Ação policial em quatro Estados resultou na prisão de 13 pessoas, entre elas o cantor sertanejo Rafael Frare de Siqueira, da dupla londrinens­e Fabio e Rafael, suspeito de integrar um esquema de lavagem de dinheiro e fabricação de cigarros falsificad­os. Um ônibus da dupla e um carro da produtora foram apreendido­s.

AOperação Sem Filtro, deflagrada nesta quarta-feira (20) pelo Nurce (Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos), da Polícia Civil do Paraná, resultou na prisão de 13 pessoas, entre elas o cantor sertanejo Rafael Frare de Siqueira, da dupla londrinens­e Fabio e Rafael. Ele é suspeito de participar de um esquema de lavagem de dinheiro e de fabricação de cigarros falsificad­os. O líder da quadrilha seria Clodoaldo José de Siqueira, pai do artista, que também foi preso. Além dos 13 presos, outras três pessoas tiveram mandados de prisão expedidos, mas seguiam foragidas até o fechamento desta edição.

A operação realizou ações no Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Bahia. Conforme o delegado do Nurce, Fernando Figueiroa, as investigaç­ões começaram há mais de um ano para descobrir o esquema de falsificaç­ão de cigarros de marcas paraguaias. Clodoaldo seria o dono de duas fábricas de cigarros instaladas na zona rural do interior de Minas Gerais, em locais escondidos onde não há sequer acesso a telefones celulares. Antes, ele teria operado uma fábrica na Bahia, que foi desativada.

Também faziam parte da estrutura de falsificaç­ão algumas gráficas em São Paulo, que seriam usadas para produzir embalagens para os cigarros. A polícia também encontrou trabalhado­res paraguaios em situação análoga à escravidão operando a fabricação dos cigarros. “Eles trabalhava­m durante 35 dias e depois eram substituíd­os”, relatou.

LAVAGEM DE DINHEIRO

Parte da lavagem do dinheiro da quadrilha ocorria em Londrina, por meio da empresa F&R Produções, responsáve­l pelas atividades da dupla sertaneja e da qual Rafael e Clodoaldo são sócios. “As atividades registrada­s pela empresa não justificam a movimentaç­ão do dinheiro que era investido por Clodoaldo”, relatou o delegado, destacando que as contas foram monitorada­s ao longo da investigaç­ão.

Um ônibus da dupla, avaliado em R$ 380 mil, e um carro BMW usado pela produtora foram apreendido­s. No total, foram bloqueados bens no valor de R$ 10 milhões, incluindo terrenos e residência­s no condomínio Royal Park, na zona sul de Londrina, que de acordo com o delegado teriam sido adquiridos em espécie e de uma só vez. “Os bens estão no nome dos filhos de Clodoaldo”, esclareceu.

Segundo a auditora da Receita Federal Viviane Lopes Franciscan­i, a sonegação fiscal de apenas uma máquina de fabricação de cigarros, em um ano, chegaria a pelo menos R$ 90 milhões. Cada máquina tem capacidade de produzir cem mil cigarros por dia, mas a polícia não soube dizer quantas delas existem em cada fábrica. “O objetivo é garantir que estes recursos sejam restituído­s”, disse.

Clodoaldo Siqueira é de Londrina e iniciou no mundo do crime no início dos anos 2000, trazendo cigarros contraband­eados do Paraguai. Atualmente, ele mora em São Paulo e foi preso em um condomínio de luxo em Santana do Parnaíba. Rafael está em ascensão no mundo sertanejo com os sucessos “Ficar solteiro” e “Miga sua loka”. A página dos cantores no Facebook tem mais de 300 mil curtidas e, no Youtube, os vídeos somam milhões de visualizaç­ões. Segundo a polícia, não há indícios de que o cantor Fabio esteja envolvido no esquema de falsificaç­ão.

O advogado Fernando Buono, que representa o cantor sertanejo Rafael Frare, não foi localizado para conceder entrevista. No escritório da dupla ninguém atendeu às ligações. O advogado de Clodoaldo Siqueira também não foi encontrado pela reportagem.

Gráficas em São Paulo seriam usadas para produzir embalagens para os cigarros

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SAulo OhArA “As atividades registrada­s pela empresa não justificam a movimentaç­ão do dinheiro que era investido”, relatou o delegado Fernando Figueiroa (à direita)

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