LUIZ GERALDO MAZZA
Insista-se que nada tem de sensato confundir gestão pública com economia
Mania autárquica
Uma componente no marketing governamental paranaense é o da visão autárquica voltada para si mesma. Isso se deu mesmo em momentos bons como os do neysmo quando tivemos presença mais forte na vida brasileira. Com Paulo Pimentel, que havia recuperado a mística pecuária com a distribuição de gado indiano como secretário da Agricultura, tivemos o slogan, ideia-força, de que seríamos o segundo Estado brasileiro quando, na verdade, tínhamos extrema dificuldade em figurar nessa condição no Sul do País, Brasil meridional, pois em alguns indicadores sociais (expectativa de vida e escolaridade) perdíamos feio para catarinenses e gaúchos.
Quando se adotou aqui o ajuste fiscal também foi vendida a ideia de que éramos exemplo ímpar o que estudos da área fazendária nacional o negavam. Uma publicação recente sobre indicadores de competitividade mostravam que apenas nove unidades federativas tinham se mostrado em melhor situação em 2017 relativamente ao ano anterior, que eram as seguintes: Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Ceará, Paraíba, Alagoas, Acre, Rondônia e Distrito Federal, ranking que ignorou os feitos aqui decantados. Quem faz essa pesquisa é o Centro de Liderança Pública. Por aí se vê novamente que não tem sentido confundir gestão pública com o desempenho do Estado-membro. A crise de estado de Minas e do Rio Grande do Sul não impedem que, mesmo quebrados, se saiam bem como economia. Por sinal que, ambos permanecem à frente do Paraná e o Rio de Janeiro, mesmo no naufrágio estatal, segue como segunda potência do Brasil.
Insista-se que nada tem de sensato confundir gestão pública com economia, já que essa nunca nos decepciona mesmo na adversidade dos acidentes naturais.
Incêndios florestais
Até setembro já tivemos 1.280 incêndios florestais no Paraná, dentre eles alguns ocorridos em áreas de proteção como parque estadual (Vila Velha) e nacional (Ilha Grande). Condições de estiagem, baixa umidade relativa do ar, facilitam e também descuidos incidentais e hábitos como o da coivara com a queima de áreas precedendo o plantio, comuns em espaços ocupados por reflorestamento.
Correios
Num dos momentos mais críticos de sua história, os Correios que já se constituíram no exemplo máximo de eficiência no serviço público e agora enfrentam a hipótese de privatização dos serviços em meio a uma greve que, segundo a liderança sindical, teria 70% de adesão. Ele aparece, por incrível coincidência, nos primórdios do mensalão e da CPI que o sustentou.
Passeata
Pressão dos motoristas e cobradores, com as manifestações de ontem na praça Rui Barbosa, até aqui insuficiente para garantir melhores condições de segurança no trabalho, contou com a simpatia da população porque houve a decisão lúcida de pôr fim às greves. Todavia, a persistir o cenário atual é bem possível que retornem às paralisações. Se ao menos aumentasse a eficiência na prevenção e repressão, com a solução de casos compensaria. Por sinal que, ainda ontem no terminal da Barreirinha foi flagrado um caso de assédio sexual. Essa uma rotina diária sem falar na ação de descuidistas e batedores de carteiras no interior dos ônibus, terminais e estações-tubo..
Precariedade
Cortes orçamentários estão inviabilizando a atividade universitária como já se apontou no setor de pesquisas e pós-graduação. Quando, porém, a incidência da anomalia atinge o hopital-escola como o de Clínicas, o maior e mais importante do Paraná, percebe-se que o convênio com a empresa hospitalar federal nada garante. Há escassez de insumos e matérias-primas e quadros críticos que levam à suspensão de intervenções cirúrgicas.
Fragilidade a comentar nesse caso é o fato de o Paraná ter tido vários ministros da Educação e da Saúde e não ter se valido disso para uma posição mais confortável do Hospital de Clínicas e também não ter federalizado nenhuma de suas universidades estaduais. Tarso Dutra com uma canetada federalizou todas as estaduais gaúchas. Aí, entra em cena o arquétipo da timidez, tão cultuado quanto o da autofagia. Esta, por sinal, não é um mal, pois ao menos nos mantêm com algum espírito crítico.
Previdência
Câmara Municipal de Curitiba, na sequência do pacote fiscal, aprovou o teto da aposentadoria no nível máximo do INSS, pouco mais de R$ 5 mil, a vigorar para os novos funcionários e fixa também as normas da previdência complementar. Estados e municípios confiam em regras mais restritivas de caráter geral na reforma nacional, um sufoco em cima do direito adquirido da massa funcional como saída cirúrgica em que pese os riscos políticos daí decorrentes. Mas medidas draconianas, ainda que necessárias, terão dificuldade para tramitar.
Folclore
O prefeito Rafael Greca deu um conselho ontem para os que viajam em ônibus em Curitiba não serem molestados: tomar cuidado, fechar bem a bolsa na frente do corpo e não andar, isso em hipótese alguma, com dinheiro. Conselho, aparentemente gratuito, é sempre oneroso.