Folha de Londrina

Treino e amortecedo­res para reduzir danos

- Bruno Benevides Folhapress

São Paulo tempos em tempos, mas nelas não aparece o nome de seu irmão Juan Antonio Guzmán, 43, um contador

- Prédios com molas e amortecedo­res, crianças que sabem sair de lugares de risco em 40 segundos e casas com rotas de fuga pintadas no chão. Assim a Cidade do México se preparou para enfrentar os terremotos que afetam o país e reduzir o número de vítimas. Tudo para não repetir o que aconteceu em 19 de setembro de 1985, quando 10 mil pessoas morreram em um terremoto na região.

Para efeito de comparação, o tremor teve uma magnitude maior (7,1) do que a do terremoto de 2010 no Haiti (7,0) , que deixou mais de 100 mil mortos. “Nesses 32 anos, o México preparou sua infraestru­tura para enfrentar os tremores”, afirmou João Carlos Gabriel, coordenado­r do curso de engenharia civil da Universida­de Mackenzie em Campinas (SP).

Para isso, diz ele, a principal técnica utilizada é a colocação de molas na fundação dos prédios. “Funciona como um amortecedo­r de um carro, diminuindo a vibração.” Há uma dificuldad­e, porém. “Isso é relativame­nte simples de fazer no início da construção, quando incluído no projeto. Mas com construçõe­s antigas, que já estão prontas, só com muito dinheiro”, afirmou.

Segundo Jackson Calhau, analista do Centro de Sismologia da USP (Universida­de de São Paulo), a preparação para enfrentar os tremores tem três fases. A primeira é fazer um monitorame­nto dos abalos, criando um mapa de risco do país. “O México montou uma rede de observação de terremoto que permitiu definir quais as áreas mais vulnerávei­s”, explicou Calhau.

Devido ao terremoto de 1985, o dia 19 de setembro virou o principal dia de treinament­o para terremotos na capital mexicana. De acordo com a rede de TV americana CNN, na terçafeira 7 milhões de pessoas participar­am da simulação, que acontece pontualmen­te às 11h locais (13h de Brasília) —17 mil casas foram esvaziadas, duas horas antes do tremor. Em 2001, no início do projeto, foram apenas 47 mil participan­tes.

“Imagine a dificuldad­e de treinar uma população do tamanho da Cidade do México. Não é fácil mostrar a todos o que fazer, não se ensina isso de um dia para o outro”, disse Calhau.

Por isso, o governo mexicano criou o Plano Familiar de Proteção Civil, que ajuda os moradores a treinarem sozinhos. A planilha do programa mostra, por exemplo, que é preciso desenhar (em verde) a rota de fuga dentro das casas. E que o tempo para deixar o local deve ser de 40 segundos.

No melhor estilo “faça você mesmo”, o documento ensina inclusive a população a fazer uma simulação caseira do terremoto. Depois de avisar vizinhos e autoridade­s - para não assustar ninguém - basta desligar energia, gás, água e telefone e sair pelas rotas marcadas até chegar em segurança até um ponto de encontro preestabel­ecido.

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