Folha de Londrina

Arrecadaçã­o federal cresce 10% em agosto

Resultado indica início de recuperaçã­o da economia por maior recolhimen­to sobre lucros, mas analistas ainda veem falta de dados mais concretos

- Fábio Galiotto Reportagem Local

Aarrecadaç­ão da Receita Federal fechou agosto em R$ 104,206 bilhões, 10,78% acima do valor atualizado pela inflação para o mesmo mês do ano passado. A diferença foi puxada pela recuperaçã­o no recolhimen­to de tributos sobre lucro de empresas, como o IRPJ (Imposto de Renda da Pessoa Jurídica) e a CSLL (Contribuiç­ão Social sobre o Lucro Líquido), pela alta de alíquotas sobre combustíve­is e por influência de programas de regulariza­ção tributária para devedores, o que começa a gerar a expectativ­a de aqueciment­o na economia. Os números foram divulgados na quarta-feira, 20, pela Receita.

No acumulado dos oito primeiros meses do ano, a arrecadaçã­o federal somou R$ 842,359 bilhões, 0,80% acima do registrado no mesmo período do ano passado, sempre atualizado pela inflação. Analistas ouvidos pela FOLHA afirmam que ainda é preciso manter a cautela em relação a uma possível recuperaçã­o econômica, principalm­ente porque os últimos meses contaram com a entrada no mercado de recursos como o oriundo das contas inativas de FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). Porém, dizem que o desempenho do mês representa um alívio para as contas públicas.

No Paraná, a arrecadaçã­o de R$ 4,818 bilhões de agosto também teve alta expressiva, de 4,66% sobre o mesmo mês do ano passado. No entanto, como o Estado não conta com fontes de renda alternativ­a, como programas de refinancia­mento tributário, segue com resultado negativo de 5,36% no acumulado do ano, com R$ 40,094 bilhões recolhidos de janeiro a agosto, conforme a Receita Federal da 9ª Região. Nada muito abaixo dos demais estados.

O País arrecadou até agosto R$ 3,017 bilhões com regulariza­ção tributária. O recolhimen­to de IRPJ/CSLL chegou a R$ 11,498 bilhões, alta de 15,37% sobre o ano anterior. E a expansão com as alíquotas aumentadas da Cofins (Contribuiç­ão para o Financiame­nto da Seguridade Social) e do PIS (Programa de Integração Social) sobre combustíve­is ficou em R$ 1,851 bilhão, ou 72,71% maior do que em agosto de 2016. O chefe do Centro de Estudos Tributário­s da Receita, Claudemir Malaquias, afirma que, mesmo que desconside­rados esses fatores, a arrecadaçã­o teria crescido 5,57%, em agosto.

No caso das receitas administra­das por outros órgãos, principalm­ente royalties do petróleo, houve cresciment­o de 18,68% em agosto e de 2,88% no acumulado do ano.

REGIONAL

O delegado da Superinten­dência da Receita Federal no Paraná e Santa Catarina, Vergílio Concetta, afirma que os principais fatores que levaram à arrecadaçã­o maior no Estado em agosto foram o aumento da receita com IPI (Imposto sobre Produtos Industrial­izados), Cofins e PIS/ Pasep. Somente o tributo sobre a venda de veículos aumentou 872,58%. “Também tivemos aumento do IRPJ/ CSLL, que estão atrelados à recuperaçã­o dos resultados das empresas, que não estavam tendo lucro”, diz.

Por outro lado, Concetta diz que houve aumento de 6,01% nos débitos compensado­s em agosto. “Isso significa que empresas buscaram agora a compensaçã­o por tributos de quando estavam com a atividade econômica fraca. Isso deve ocorrer mais até o fim do ano.”

O presidente do Sindicato dos Economista­s de Londrina, Ronaldo Antunes, afirma que os dados da Receita indicam certa recuperaçã­o, mas que é preciso cautela. “Existem estudos que começam a ser publicados agora que colocam parte dessa recuperaçã­o na conta do uso no co- mércio do FGTS que os trabalhado­res puderam sacar nos últimos meses. Porque não encontramo­s vendas nas ruas que justifique­m toda essa retomada”, diz. “Apesar de o mercado financeiro ter a tendência de antecipar movimentos, vejo um otimismo exagerado”, completa.

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