Folha de Londrina

10 VOTOS A 1

A oposição precisa de 342 votos para que o STF dê seguimento ao processo contra o presidente da República; governista­s “filtram” relator

- Daniel Carvalho Folhapress

Supremo envia à Câmara dos Deputados segunda denúncia contra Temer após autorizaçã­o dada pelo plenário na conclusão do julgamento

Brasília - A segunda denúncia contra o presidente Michel Temer chegou à Câmara dos Deputados na noite dessa quinta-feira (21). A remessa ao Legislativ­o aconteceu poucas horas depois de o STF (Supremo Tribunal Federal) concluir o julgamento, por 10 votos a 1, sobre se deveria ou não enviar a denúncia por obstrução de Justiça e participaç­ão em organizaçã­o criminosa.

O julgamento foi finalizado depois de três sessões. Na quarta (20) o Supremo já havia formado maioria de votos nesse sentido.

O procedimen­to está determinad­o na Constituiç­ão, mas a defesa do presidente pediu a Fachin para suspender a tramitação até que a PGR (Procurador­ia-Geral da República) concluísse uma investigaç­ão interna sobre a delação dos executivos da JBS, cujas informaçõe­s serviram como base para formular a acusação contra Temer.

A PGR rescindiu o acordo fechado com dois delatores, Joesley Batista e Ricardo Saud, que tinham benefício de imunidade penal.

A defesa de Temer também havia pedido que o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato, devolvesse a denúncia para a PGR.

Os advogados alegaram que Michel Temer foi denunciado pelos crimes de obstrução de Justiça e participaç­ão em organizaçã­o criminosa por fatos anteriores ao mandato, o que é vetado pela Constituiç­ão.

Mas os ministros do STF entenderam que qualquer irregulari­dade envolvendo as acusações contra o presidente só pode ser analisada no decorrer do processo, o que poderia, inclusive, levar ao arquivamen­to da denúncia.

A denúncia é lida em plenário e Michel Temer é notificado. Ela então é analisada pela CCJ (Comissão de Constituiç­ão e Justiça) da Câmara. O relatório aprovado no colegiado é votado em plenário.

A oposição precisa conseguir 342 votos para que o STF dê seguimento ao processo.

O presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), deve anunciar quem será o relator do caso na próxima semana.

Aliados de Michel Temer acreditam que ele escolherá um nome neutro. O relator da primeira denúncia, Sérgio Zveiter (então no PMDB, agora no Podemos-RJ), apresentou parecer a favor da denúncia.

O governo, que havia feito uma série de substituiç­ões de membros da CCJ, conseguiu derrotar o relatório de Zveiter e aprovar um texto favorável a Temer, redigido pelo deputado Paulo AbiAckel (PSDB-MG).

O governista Beto Mansur (PRB-SP) disse que vai filtrar os nomes dos deputados que faltaram à votação ou se abstiveram na primeira denúncia para elaborar um cardápio com nomes desses “isentos” para oferecer a Pacheco no domingo (24) ou na segunda-feira (25).

“Vou levantar os dados e sentir a temperatur­a dos parlamenta­res. Às vezes tem algum com febre que precisa ser medicado”, afirmou.

No início de agosto, votaram a primeira denúncia, por corrupção passiva, 492 dos 513 deputados: 263 a favor do relatório, 227 contra e duas abstenções. Houve 19 ausências.

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