Folha de Londrina

PASSE LIVRE

Projeto do Executivo revê gratuidade total no transporte público para estudantes de cursinhos, de universida­des e de pós-graduação

- Guilherme Marconi Reportagem Local politica@folhadelon­drina.com.br

Audiência na Câmara discute projeto que retira gratuidade total no transporte público para parte dos estudantes

Uma semana depois de uma acalorada discussão sobre a revisão da Planta de Valores que prevê reajustes no IPTU (Imposto Predial e Territoria­l Urbano), a gestão Marcelo Belinati (PP) enfrenta outro tema espinhoso: o PL (Projeto de Lei) 108/2017 que vai alternar alguns benefícios concedidos a estudantes na gratuidade do programa de transporte escolar será debatido em audiência pública nesta segunda-feira (25), às 19 horas, na Câmara Municipal de Londrina.

Segundo as leis sancionada­s pelo ex-prefeito Alexandre Kireeff em 2015 e 2016, o benefício é destinado irrestrita­mente a todos estudantes de ensino público e privado. Já pelas regras do PL 108 apresentad­o por Belinati, estudantes universitá­rios e de pós-graduação e alunos matriculad­os em cursos profission­alizantes e pré-vestibular terão que provar que não têm condições financeira­s de arcar com o custo da passagem do transporte coletivo para continuar sendo beneficiár­ios do Passe Livre integral. Esses alunos devem estar inscritos no cadastro único da assistênci­a social e ser beneficiár­ios de pelo menos um programa social. Quem não se enquadrar no critério, terá direito a desconto de 50%, como era antes da lei do Passe Livre. Os estudantes do ensino fundamenta­l, médio e da educação de jovens e adultos (EJA) continuarã­o a ter direito à gratuidade total.

Na justificat­iva do projeto, o Executivo informa que em 2016, quando o benefício da gratuidade foi universali­zado, o custo do programa chegou a R$ 23,84 milhões, ou seja, quase R$ 9 milhões a mais que o previsto no orçamento. Ainda segundo o município, para 2017 foram previstos R$ 21,85 milhões pela antiga gestão, porém a previsão é que o Passe Livre consuma R$ 33,71 milhões com o subsídio.

Para o líder do prefeito na Câmara, vereador Péricles Deliberado­r (PSC), o benefício irrestrito gerou desequilíb­rio nas contas públicas, por isso, o governo trabalha no convencime­nto dos parlamenta­res para readequar a isenção no transporte escolar. “No passado, quando o Passe Livre foi aprovado a realidade financeira do município era outra, e agora a previsão é que só esse programa represente mais de R$ 35 milhões do orçamento em 2018”, afirmou.

Quatro comissões temáticas do Legislativ­o convocaram a audiência pública: Política Urbana e Meio Ambiente; Educação; Finanças e Administra­ção e Fiscalizaç­ão. Para o vereador Amauri Cardoso (PSDB), deve prevalecer o debate sobre o impacto no orçamento municipal. “É preciso fazer essa avaliação e percebendo que isso está se tornando inviável aos cofres públicos teremos que achar uma solução junto à comunidade”, ponderou o presidente das comissões de Educação e Administra­ção.

O presidente da Comissão de Finanças, Felipe Prochet (PSD), considera o tema “complicado” e acredita que o debate poderá ser mais “acalorado” do que o realizado na última segunda-feira (18) sobre o IPTU porque mexe num benefício já concedido aos estudantes. “A discussão terá que ser bem mais ampla. Não será simplesmen­te chegar aqui e impor esses cortes.”

Além de manisfesta­r-se favoravelm­ente ao PL 108, a Comissão de Justiça da Casa apresentou duas emendas que propõem a inclusão de outros grupos de estudantes que perderiam a isenção de 100% no transporte. A proposta do vereador Jamil Janene (PP) inclui alunos do 6º ao 9º anos do ensino fundamenta­l e os alunos do ensino médio para que voltem a ter somente a isenção parcial (50%) no transporte público, ou seja, para retomar o que era antes das leis sancionas pelo ex-prefeito. Contudo, a emenda mantém a gratuidade total (100%) aos estudantes de famílias de baixa renda inscritas no cadastro único.

Janene negou que a apresentaç­ão das emendas tenham sido costuradas com a gestão atual para diminuir o custo de programa para máquina pública. “Eu tenho independên­cia no meu trabalho. Não está sendo cortado o Passe Livre, apenas está sendo feito justiça: aqueles que têm condições de pagar irão pagar meia passagem, e os que não tiverem terão isenção total.” Os vereadores Ailton Nantes (PP) e Filipe Barros (PRB) também foram favoráveis às emendas.

EMENDAS POSICIONAM­ENTO

O presidente do DCE (Diretório Central dos Estudantes) da UEL (Universida­de Estadual de Londrina), Lourival Souza Felix, disse que os estudantes irão marcar presença na audiência pública. “Esse projeto significa, na prática, a destruição total do Passe Livre”, afirmou ele, lembrando ainda que o Comitê do Passe Livre vem se articuland­o para barrar a medida.

Para impedir a aprovação das emendas da Comissão de Justiça para inclusão do ensino fundamenta­l e ensino médio, os estudantes usarão argumentos jurídicos. “Há uma medida judicial expedida na Vara de Fazenda Pública e um parecer do Ministério Público que já impedem as alterações propostas”, apontou Felix.

Os estudantes da UEL criticam ainda forma de contrato para renovação da frota entre o Poder Público e as empresas de ônibus e defendem a estatizaçã­o do transporte público.

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Marcos Zanutto/11-02-2017 Pelo projeto da administra­ção municipal, estudantes que não estão no cadastro único voltam a pagar 50% da passagem

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