Folha de Londrina

Empreender é o caminho

- (N.B.)

Em setembro de 2015, a bibliotecá­ria londrinens­e Karina de Oliveira ficou desemprega­da. Seis meses depois, aconteceu o mesmo com o marido dela. A situação ficou difícil para o casal, que tem dois filhos, à época com dois e dez anos de idade. “Mandei currículo para todo lugar, mas ninguém estava aceitando. Ficamos desesperad­os”, recorda.

Durante o desabafo com a dona de um salão de beleza, surgiu a solução. “Ela me perguntou se eu não sabia fazer roscas. Disse que tinha aprendido com minha avó. Ela me encomendou três sem sequer experiment­ar”, afirma. Na hora de fazer a entrega, as próprias clientes do salão ficaram com as três roscas. Karina teve de fazer outras para a dona.

Com o dinheiro da primeira venda, a bibliotecá­ria comprou novos ingredient­es para fazer outras roscas. E assim foi procedendo. “Apesar do aperto em casa, não tirava dinheiro, fui guardando numa bolsa tudo que ganhava. Em um mês, tinha R$ 1 mil”, recorda. Com o dinheiro das roscas e pães, ela pagou seus primeiros cursos, inclusive um profission­alizante do Senai.

Hoje, com um portfólio variado de produtos, que incluem bolos sofisticad­os e 14 contratos de casamentos fechados, Karina está em processo de formalizaç­ão com apoio do Sebrae e já emprega uma funcionári­a. “Também recorro a freelancer­s”, revela. O marido conseguiu emprego e a vida melhorou muito para o casal.

A bibliotecá­ria é um bom exemplo do que os especialis­tas acreditam que vai acontecer com o mundo do trabalho. O emprego formal não será o mesmo de antes da crise, a tecnologia vai continuar roubando vagas e a solução será cada vez mais empreender.

É nisso que está pensando um executivo londrinens­e entrevista­do pela reportagem e que preferiu não se identifica­r. Seu contrato de diretor com uma das maiores empresas da cidade venceu há cinco meses. E até agora ele não vê perspectiv­as de nova contrataçã­o. “Já mandei muitos currículos dentro e fora de Londrina, me cadastrei em sites, fiz algumas entrevista­s, mas não tenho ainda nenhuma sinalizaçã­o”, conta.

Aos 52 anos, o administra­dor de empresa com duas pós-graduações vê as seguintes possibilid­ades: tornar-se sócio de uma franquia na cidade ou passar a atuar como consultor. “Eu acho que a situação dos empregos formais não vai melhorar tão cedo”, opina.

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Ricardo Chicarelli A bibliotecá­ria Karina de Oliveira deu a volta por cima criando seu próprio trabalho

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