Folha de Londrina

Substituíd­os por máquinas

- (N.B.)

Mais grave que o desemprego causado pela crise é aquele que decorre das novas tecnologia­s. Embora este seja um problema que afeta todos os países, é mais preocupant­e no Brasil, segundo o professor da UFPR, José Guilherme Silva Vieira, porque o País não investe para enfrentá-lo.

Se a crise rouba postos de trabalho dos mais humildes aos mais elevados, o desemprego causado pela nova revolução industrial atinge principalm­ente os mais pobres. “A tecnologia substitui as funções mais rotineiras. O jovem pobre sofre mais porque são nessas funções que eles têm seus primeiros empregos”, declara.

O consultor Bernt Entschev concorda. “Quanto mais difícil o trabalho, mais difícil de a pessoa ser substituíd­a pela máquina”, afirma.

Para Vieira, o fato de o País ainda não ter populariza­do internet em banda larga é um agravante. “O que farão essas pessoas que não foram preparadas para a tecnologia, se os empregos mais rotineiros tendem a desaparece­r. Vão vender pipoca? Não tem mercado para tanto pipoqueiro”, alega.

Mas nem tudo está perdido, na visão do professor. Ele recorda que novas profissões surgiram com os grandes saltos tecnológic­os da história. “A populariza­ção dos carros, por exemplo, roubou o trabalho dos charreteir­os, mas com ela surgiram os mecânicos e borracheir­os.”

Ele acredita que o mesmo deverá ocorrer com a nova revolução industrial. “Só não sabemos ainda que profissões serão essas.”

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