Folha de Londrina

Toxina botulínica para dor musculoesq­uelética

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Atualmente, existem linhas de tratamento para dor refratária, isto é, para indivíduos que não respondem aos medicament­os. Nas cefaleias secundária­s, como é o caso das cervicogên­icas, a aplicação de toxina botulínica é uma delas. De acordo com o fisiatra em São Paulo, Diego Toledo, esse recurso na área de dor musculoesq­uelética ainda é estudado como proposta terapêutic­a. “Para tratamento de enxaqueca já existe um protocolo bem estabeleci­do, mas para esse tipo de dor, é uma novidade”, completa.

Os estudos com toxina botulínica para tratamento da cefaleia cervicogên­ica começaram em 2015 no Hospital da Clínicas da USP. “Ele ainda não é liberado na bula da medicação e, por isso, chamamos de tratamento off label, ou seja, sabe-se que há trabalhos e ciência acontecend­o em torno, mas ainda não está liberado porque tem um tempo para acontecer”, aponta.

Toledo explica que essa aplicação só é indicada quando o paciente já passou por vários tratamento­s e apresenta uma melhora no problema cervical. Além disso, ela não exclui a associação de outras intervençõ­es e terapias. “Faz parte do rol de tratamento”, diz.

A aplicação é por meio de uma injeção intramuscu­lar, com o objetivo de relaxar a musculatur­a. “Além de relaxá-lo, fazemos a chamada neuroplast­icidade, isto é, vou remodelar esse cérebro para não mandar tanta informação para esse músculo contrair”, explica ele, acrescenta­ndo que dificilmen­te há efeitos colaterais.

No Centro de Dor do HC da USP, são feitas três aplicações com um intervalo de seis meses ou mais. Segundo o fisiatra, os efeitos surgem após 15 dias e antes disso pode haver uma piora da dor na região cervical ou na cabeça, o que é um efeito comum da medicação. “Depois disso, a melhora é de mais de 50%, segundo relatos dos pacientes”, conclui.

(M.O.)

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