Reforma deve ajudar, diz economista
Economista, professor da UTFPR e colunista da FOLHA, Marcos Rambalducci concorda com boa parte do relatório. “A tributação no Brasil é absolutamente inadequada. Os pobres e a classe média pagam a maior parte dos impostos, e as grandes fortunas ficam de lado”, afirma. Ele acredita que uma reforma tributária ajudará o País a diminuir a distância entre os mais ricos e os mais pobres.
Rambalducci não concorda por exemplo quando o estudo diz que a reforma trabalhista, que começa a vigorar em novembro, contribuiu com o aumento da desigualdade social. “Discordo. Não vejo que haverá perdas de garantias de direitos. O Brasil precisava simplificar a legislação de modo a não onerar sobremaneira o empregador e criar empregos.”
O economista também critica o relatório quando atribui à redução do Estado como outro fator a caus a r d e s i g u a l d a d e. “No s anos 80 o Estado era gigante e a distribuição de renda não era melhor.”
Apresentando- se como “neoliberal”, a professora Ana Maria Querubim, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), vê o relatório de forma bastante crítica. “A desigualdade é grande, não questiono isso. Mas não são as políticas sociais de governo que mudam essa realidade. Se fossem o caminho não teríamos essa situação depois de 12 anos fazendo essas políticas”, diz ela referindo- se aos governo do PT. “A gente vê que as pessoas se acomodam ( com programas de transferência de renda). Para que vão trabalhar se já têm renda garantida?.”
Ela também não acredita que a reforma tributária vai resolver o problema. “Só se diminui a desigualdade com crescimento da economia, emprego e renda. Não adianta querer tirar do rico para dar ao pobre, que isso não funciona”, alega. Para ela, o problema não é o pobre pagar muito imposto. É o Estado não dar a ele serviços de qualidade.
Sobre a diferença entre os salários de homens e mulheres, e de brancos e negros, Ana Maria diz que é preciso separar o que é discriminação e o que é vitimização. “A sociedade não está sabendo separar isso. Nós os quadradinhos temos de aceitar os outros e os outros não precisam nos aceitar”, declara.
( N. B.)