Folha de Londrina

Londrina do Céu

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Caminhava eu pela Gleba Palhano, em direção à missa que seria celebrada pelo padre Rafael, quando vi a árvore em flor. A árvore está numa das últimas chácaras ainda existentes no bairro. Por um momento, parei para pensar na cor da flor da árvore, que lembra os campos de lavanda provençais. Creio que essa cor é uma reinvenção do céu londrinens­e, que se vê logo acima. Londrina do céu, só mesmo Deus pode ser um artista assim tão perfeito para pintar você!

Morreu o Zé do Lenço, personagem lendária de nossa cidade. José Soares Neto estava com 94 anos. Era um dos nossos últimos heróis pracinhas da Segunda Guerra, tendo participad­o da tomada de Monte Castelo. Zé do Lenço Tinha esse apelido por sempre usar um lenço amarrado, algo que tinha sido moda muito tempo atrás e ele adotou como marca pessoal. Aos 60 anos de idade, descobriu outro talento: defender as traves como goleiro de futebol suíço. Pendurou as luvas aos 60 anos. Agora, deixou a Londrina da terra para entrar na Londrina do Céu.

Há 20 anos, Nelson Takaoka abria sua casa de pães. Nelson era mais que um padeiro, era um artista do pão. Certa vez, há mais dez anos, recebeu-me para contar sua linda história de amor pelo fruto mais universal do trigo. Até hoje penso que não estive à altura de tanto talento. Nelson era um artista; eu, apenas um cronista. Hoje Nelson deve estar fazendo pão lá na Londrina do Céu.

Padre Rafael me presenteou com um Rosário de Fátima. Aos pés da imagem de Nossa Senhora, ele rezou por Londrina. Naquele mesmo lugar, o papa João Paulo II depositou uma das balas que o atingiram no atentado de 13 de maio de 1981. Quando João de Deus visitou Ali Agca na prisão, o atirador lhe perguntou: “Quem é Fátima para você?” A bala desviada milagrosam­ente hoje faz parte da coroa de Nossa Senhora de Fátima.

2. 3. 4. 5.

Londrina do Céu, ouça Madre Leônia: “As notícias de desgraças pessoais ou públicas põem a alma em agitação. É junto a Maria que podemos reencontra­r a calma. Os tempos em que vivemos nos enchem cada dia mais de temor e quase sempre nos tiram a paz. Recorramos a Maria, ela nos fará entender que, afinal de contas, todos os acontecime­ntos se tornam vantagens para os que amam a Deus.” (26 de setembro de 1975)

Londrina do Céu, ouça Padre Kentenich: ““A maior desgraça dos tempos de hoje é a perda do espírito filial. Igualmente deveríamos dizer que a maior felicidade para os tempos de hoje seria a reconquist­a do espírito filial. (...) O único impediment­o para a graça é o próprio eu.” (Em visita a Londrina, 28 de julho de 1949)

Londrina do Céu, rogai pela Londrina aqui da Terra.

A beleza de uma cidade que se reinventa a cada dia

6. 7.

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Paulo Briguet

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