Rotatividade por pedido de demissão cai no Paraná
Pesquisa de recursos humanos no Paraná aponta que crise diminui novas oportunidades e pressiona trabalhadores e empresas a manter contratos
Arotatividade por pedido de demissão caiu de 14,8% do total em 2013 para 7,6% no ano passado, segundo o 9° Benchmarking Paranaense de Recursos Humanos que será divulgado nesta quarta- feira, 27, em convenção em Foz do Iguaçu. O índice tem encolhido ano a ano até atingir uma diferença de 48,6% entre a média dos dois anos, principalmente devido à crise econômica. Com o desaquecimento do mercado de trabalho, existe maior pressão para que o trabalhador fique no emprego e para que empresas evitem gastos com treinamento pela troca de funcionários.
O estudo é feito anualmente e desde 2008 pela Bachmann & Associados, em parceria com a ABRH-PR (Associação Brasileira de Recursos Humanos do Paraná). Por mais que o saldo de desempregados tenha aumentado no período, houve também redução na rotatividade nas empresas paranaenses. O índice em 2013 foi de 41,4% e também caiu ano a ano, até fechar 2016 em 29,5% do total de trabalhadores, segundo a pesquisa. Também houve retração no número de horas extras em relação ao total trabalhado, que foi de 3,4% para 2,7%, assim como queda no número de faltas, que foi de 2,6% para 2,0%, sempre no comparativo entre 2013 e 2016.
O coordenador do estudo e diretor técnico da Bachmann & Associados, Dórian Bachmann, afirma que o objetivo é oferecer indicadores para a comparação entre empresas de custos com rotatividade e hora extra, principalmente. “O mercado de trabalho está muito ruim pela crise econômica e não está favorável ao trabalhador, mas às empresas”, diz.
Ele diz que os pedidos de demissão ainda ocorrem por motivos pessoais, como doenças ou mudança de cidade, mas as oportunidades de troca de emprego por condições melhores diminuíram. “As empresas fazem um esforço para reduzir a rotatividade porque representa um custo com treinamento, mas a questão maior é que o mercado não está favorável neste momento para se pedir demissão”, afirma Bachmann.
A própria redução no número de faltas, justificadas ou não, representa um maior cuidado do trabalhador para evitar rusgas com o empregador, cita o coordenador do estudo. “Historicamente, as faltas por motivo de saúde representavam de 30% a 50% e chegaram a dois terços do total em 2016, o que mostra que o trabalhador evitou faltar”, conta.
EXPECTATIVA
Para o delegado em Londrina do Corecon-PR (Conselho Regional de Economia do Paraná), Laércio Rodrigues de Oliveira, a oferta de empregos bem menor do que a demanda também pode dificultar o processo de contra- tação. “A seleção é feita com muitos candidatos com currículos parecidos, então as empresas buscam reter quem se adapta melhor para evitar todo o custo. Temos casos em Londrina de supermercados que fizeram seleção de funcionários e que tiveram uma fila enorme de interessados.”
Oliveiraacreditaquesomente o reaquecimento da economia poderá fortalecer o mercado de trabalho. “Temos uma expectativa de inflação baixa, juros caindo e consumo aumentando, então temos uma melhor fixação dos empregos porque as empresas começam a precisar mais de trabalhadores”, diz o economista.
Bachmann considera que o cenário já começa a melhorar. “No Paraná, já não estamos mais afundando. Tivemos perda de vagas em 2016 e neste ano já estamos gerando empregos”, diz. Para ele, o ideal é que empresas e trabalhadores aprendam com a situação enfrentada durante a recessão. “Tenho esperança de que essa experiência adquirida faça com que o RH da empresa tenha mais cuidado com o funcionário para evitar a rotatividade”, completa.