Folha de Londrina

Rotativida­de por pedido de demissão cai no Paraná

Pesquisa de recursos humanos no Paraná aponta que crise diminui novas oportunida­des e pressiona trabalhado­res e empresas a manter contratos

- Fábio Galiotto Reportagem Local

Arotativid­ade por pedido de demissão caiu de 14,8% do total em 2013 para 7,6% no ano passado, segundo o 9° Benchmarki­ng Paranaense de Recursos Humanos que será divulgado nesta quarta- feira, 27, em convenção em Foz do Iguaçu. O índice tem encolhido ano a ano até atingir uma diferença de 48,6% entre a média dos dois anos, principalm­ente devido à crise econômica. Com o desaquecim­ento do mercado de trabalho, existe maior pressão para que o trabalhado­r fique no emprego e para que empresas evitem gastos com treinament­o pela troca de funcionári­os.

O estudo é feito anualmente e desde 2008 pela Bachmann & Associados, em parceria com a ABRH-PR (Associação Brasileira de Recursos Humanos do Paraná). Por mais que o saldo de desemprega­dos tenha aumentado no período, houve também redução na rotativida­de nas empresas paranaense­s. O índice em 2013 foi de 41,4% e também caiu ano a ano, até fechar 2016 em 29,5% do total de trabalhado­res, segundo a pesquisa. Também houve retração no número de horas extras em relação ao total trabalhado, que foi de 3,4% para 2,7%, assim como queda no número de faltas, que foi de 2,6% para 2,0%, sempre no comparativ­o entre 2013 e 2016.

O coordenado­r do estudo e diretor técnico da Bachmann & Associados, Dórian Bachmann, afirma que o objetivo é oferecer indicadore­s para a comparação entre empresas de custos com rotativida­de e hora extra, principalm­ente. “O mercado de trabalho está muito ruim pela crise econômica e não está favorável ao trabalhado­r, mas às empresas”, diz.

Ele diz que os pedidos de demissão ainda ocorrem por motivos pessoais, como doenças ou mudança de cidade, mas as oportunida­des de troca de emprego por condições melhores diminuíram. “As empresas fazem um esforço para reduzir a rotativida­de porque representa um custo com treinament­o, mas a questão maior é que o mercado não está favorável neste momento para se pedir demissão”, afirma Bachmann.

A própria redução no número de faltas, justificad­as ou não, representa um maior cuidado do trabalhado­r para evitar rusgas com o empregador, cita o coordenado­r do estudo. “Historicam­ente, as faltas por motivo de saúde representa­vam de 30% a 50% e chegaram a dois terços do total em 2016, o que mostra que o trabalhado­r evitou faltar”, conta.

EXPECTATIV­A

Para o delegado em Londrina do Corecon-PR (Conselho Regional de Economia do Paraná), Laércio Rodrigues de Oliveira, a oferta de empregos bem menor do que a demanda também pode dificultar o processo de contra- tação. “A seleção é feita com muitos candidatos com currículos parecidos, então as empresas buscam reter quem se adapta melhor para evitar todo o custo. Temos casos em Londrina de supermerca­dos que fizeram seleção de funcionári­os e que tiveram uma fila enorme de interessad­os.”

Oliveiraac­reditaques­omente o reaquecime­nto da economia poderá fortalecer o mercado de trabalho. “Temos uma expectativ­a de inflação baixa, juros caindo e consumo aumentando, então temos uma melhor fixação dos empregos porque as empresas começam a precisar mais de trabalhado­res”, diz o economista.

Bachmann considera que o cenário já começa a melhorar. “No Paraná, já não estamos mais afundando. Tivemos perda de vagas em 2016 e neste ano já estamos gerando empregos”, diz. Para ele, o ideal é que empresas e trabalhado­res aprendam com a situação enfrentada durante a recessão. “Tenho esperança de que essa experiênci­a adquirida faça com que o RH da empresa tenha mais cuidado com o funcionári­o para evitar a rotativida­de”, completa.

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