ReformadaPrevidência, a pequena redenção
A despeito das narrativas histéricas promovidas pelas corporações, emespecial nas redes sociais, a reforma que está estacionada noCongresso conduz a Previdência emdireção a valores republicanos.
As novas regras são necessárias para que o sistema se mantenha minimamente viável no futuro. Emoutras palavras, a reformaé umesforço para garantir os direitos da maioria dos brasileiros, umaintervenção para evitar o desequilíbrio nas despesas públicas, composta por uma infinidade de outras demandas.
A “miopia” de alguns, associada à ganância de outros, influencia a opinião pública para que ela considere o novo sistema “impopular”, comose popular fosse a irresponsabilidade com as contas públicas e suas consequências, que ora podem ser observadas no estado do Rio de Janeiro, onde os servidores lutam para receber salários atrasados, citando apenas um exemplo entre tantos que estão no noticiário.
A irresponsabilidade fiscal compromete o bem-estar da maioria. É, portanto, a direção mais impopular que um governante pode adotar.
Não há como discutir com os fatos, não há como contestar a metamorfose da pirâmide etária da população brasileira.
A nação envelhece graças a dois fatores: a crescente longevidade e a rápida queda no índice de natalidade, por sinal dois fenômenos globais.
Por isso, há diversos exemplos pelo mundo de ajustes nos sistemas previdenciários, justamente para que as economias conservemo dinamismo e a competitividade.
A reformanão corta benefícios, mas combate, na medida do possível, a cultura do privilégio. As remunerações escandalosas para umpaís de renda média tão baixa fragilizam os valores republicanos.
Acrescento ainda um aspecto de ordem operacional: estamos criando um exército de servidores que em idade precoce escolhem o direito à inatividade remunerada justamente na plenitude da sua capacidade. Quantas ideias perdemos? Quanto de know-hownão desperdiçamos?
Ao invés disso, muitos destes especialistas passam a sofrer com a depressão – o ócio retira deles o que chamamos de sentido da vida. Como diz Jesus na passagem bíblica no livro de João, capítulo 12, versículo 25: “Aquele que ama a sua vida, a perderá; entretanto, aquele que odeia sua vida nestemundo, a preservará para avida eterna ”.
Se a escolha pela inatividade precoce setor naum problema particular e umproblema para a qualidade do serviço prestado pela corporação, o que dizer então para o contribuinte que, comum esforço descomunal, desembolsa o mesmo montante paranã o mais ser servido?
Eé sempre bom lembrar: temos um enorme buraco na Previdência.
Os cofres públicos liberamcerca de R$ 4,4 mil per capita para cobrir o rombodo INSS, onde estão 29,2 milhões de brasileiros que pagaram pelo benefício. Cadaumdos 2,7 milhões de inativos civis daUnião e dos Estados custa R$ 49 mil - praticamente dez vezesmais. É umasituação claramente insustentável.
Os gastos elevados com pessoal e previdência sufocamos investimentos públicos e cristalizam tanto amá qualidade dos serviços públicos quanto a elevada carga tributária.
O desenvolvimento da infraestrutura emperra, o que nos deixa em posição desvantajosa em relação aos concorrentes globais. O custo Brasil devora nosso ímpeto de crescer. Importamos mais produtos, serviços e tecnologias e exportamos mais empregos, especialmente os mais qualificados.
A reforma é, portanto, imprescindível para nossos planos de atingir outro patamar econômico. Sem um Estado mais austero e que enfrente aculturado privilégio, continuaremos dependendo de uma alta tributação para manter umamáquina enormee frustrante.
Com tributação elevada permaneceremos sofrendo com umambiente de negócios hostil, sem empresas efetivamente competitivas no tabuleiro global. Isso significa menos renda e menos bem estar socialtambémpara apróxima geração. Éosacrifício eterno no qual estamos submetidos por não encararmos nossas distorções de formamadura.
Que a maturidade chegue, ainda que de forma tardia. Temos pressa. Anova previdência seria o maior lega doque o atual Congresso Nacional poderia deixar para o Brasil pós-crise. É apequenar edençãoquepo demos almejarem meio a um cenário arrasado, destruído pelo furacão dai moralidade.
A reforma é imprescindível para nossos planos de atingir outro patamar econômico”