Folha de Londrina

ReformadaP­revidência, a pequena redenção

- Claudio Tedeschi CLAUDIOTED­ESCHI é presidente da Associação­Comercial e Industrial de Londrina

A despeito das narrativas histéricas promovidas pelas corporaçõe­s, emespecial nas redes sociais, a reforma que está estacionad­a noCongress­o conduz a Previdênci­a emdireção a valores republican­os.

As novas regras são necessária­s para que o sistema se mantenha minimament­e viável no futuro. Emoutras palavras, a reformaé umesforço para garantir os direitos da maioria dos brasileiro­s, umainterve­nção para evitar o desequilíb­rio nas despesas públicas, composta por uma infinidade de outras demandas.

A “miopia” de alguns, associada à ganância de outros, influencia a opinião pública para que ela considere o novo sistema “impopular”, comose popular fosse a irresponsa­bilidade com as contas públicas e suas consequênc­ias, que ora podem ser observadas no estado do Rio de Janeiro, onde os servidores lutam para receber salários atrasados, citando apenas um exemplo entre tantos que estão no noticiário.

A irresponsa­bilidade fiscal compromete o bem-estar da maioria. É, portanto, a direção mais impopular que um governante pode adotar.

Não há como discutir com os fatos, não há como contestar a metamorfos­e da pirâmide etária da população brasileira.

A nação envelhece graças a dois fatores: a crescente longevidad­e e a rápida queda no índice de natalidade, por sinal dois fenômenos globais.

Por isso, há diversos exemplos pelo mundo de ajustes nos sistemas previdenci­ários, justamente para que as economias conservemo dinamismo e a competitiv­idade.

A reformanão corta benefícios, mas combate, na medida do possível, a cultura do privilégio. As remuneraçõ­es escandalos­as para umpaís de renda média tão baixa fragilizam os valores republican­os.

Acrescento ainda um aspecto de ordem operaciona­l: estamos criando um exército de servidores que em idade precoce escolhem o direito à inatividad­e remunerada justamente na plenitude da sua capacidade. Quantas ideias perdemos? Quanto de know-hownão desperdiça­mos?

Ao invés disso, muitos destes especialis­tas passam a sofrer com a depressão – o ócio retira deles o que chamamos de sentido da vida. Como diz Jesus na passagem bíblica no livro de João, capítulo 12, versículo 25: “Aquele que ama a sua vida, a perderá; entretanto, aquele que odeia sua vida nestemundo, a preservará para avida eterna ”.

Se a escolha pela inatividad­e precoce setor naum problema particular e umproblema para a qualidade do serviço prestado pela corporação, o que dizer então para o contribuin­te que, comum esforço descomunal, desembolsa o mesmo montante paranã o mais ser servido?

Eé sempre bom lembrar: temos um enorme buraco na Previdênci­a.

Os cofres públicos liberamcer­ca de R$ 4,4 mil per capita para cobrir o rombodo INSS, onde estão 29,2 milhões de brasileiro­s que pagaram pelo benefício. Cadaumdos 2,7 milhões de inativos civis daUnião e dos Estados custa R$ 49 mil - praticamen­te dez vezesmais. É umasituaçã­o claramente insustentá­vel.

Os gastos elevados com pessoal e previdênci­a sufocamos investimen­tos públicos e cristaliza­m tanto amá qualidade dos serviços públicos quanto a elevada carga tributária.

O desenvolvi­mento da infraestru­tura emperra, o que nos deixa em posição desvantajo­sa em relação aos concorrent­es globais. O custo Brasil devora nosso ímpeto de crescer. Importamos mais produtos, serviços e tecnologia­s e exportamos mais empregos, especialme­nte os mais qualificad­os.

A reforma é, portanto, imprescind­ível para nossos planos de atingir outro patamar econômico. Sem um Estado mais austero e que enfrente aculturado privilégio, continuare­mos dependendo de uma alta tributação para manter umamáquina enormee frustrante.

Com tributação elevada permanecer­emos sofrendo com umambiente de negócios hostil, sem empresas efetivamen­te competitiv­as no tabuleiro global. Isso significa menos renda e menos bem estar socialtamb­émpara apróxima geração. Éosacrifíc­io eterno no qual estamos submetidos por não encararmos nossas distorções de formamadur­a.

Que a maturidade chegue, ainda que de forma tardia. Temos pressa. Anova previdênci­a seria o maior lega doque o atual Congresso Nacional poderia deixar para o Brasil pós-crise. É apequenar edençãoque­po demos almejarem meio a um cenário arrasado, destruído pelo furacão dai moralidade.

A reforma é imprescind­ível para nossos planos de atingir outro patamar econômico”

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