Precisamos de mais mocinhos!
A imagem forte das malas repletas com os R$ 51 milhões no apartamento do ex-ministro GeddelVieira Lima simboliza o atrevimento dos criminosos que nos governam e sintetiza a complacência com os bandidos. A impunidade crônica criou a corrupção sistêmica, que atingiu níveis estarrecedores no País. O rol dos escândalos que surrupiaramo dinheiro público, sem punição, é descomunal. Dos menos expressivos delitos protagonizados pelos políticos do“rouba, mas faz”, iniciado por Adhemar de Barros em São Paulo, e até assimilado pelos eleitores do londrinense Antonio Belinati, passando por Collor, que a nossa Corte Suprema vergonhosamente inocentou e, ainda, por Paulo Maluf que parece ter “direito adquirido” para roubar sem ser admoestado, chegamos ao ápice da roubalheira, esse espetáculo dantesco que ora assistimos. Regulada por um Código Penal arcaico e brando, elaborado há 77 anos, e porumaConstituição criada sob a influência acalorada de um período pós-repressivo que a tornou extremamente permissiva, com muitos direitos e poucas obrigações, nossa legislação penal favorece os bandidos. Temos exemplos emblemáticos disso. O escárnio de Lula, condenado por corrupção, prometendo voltar ao poder para consertar o Brasil e calar a imprensa. Renan Calheiros e Romero Jucá, com a soma assombrosa de 31 inquéritos e uma ação penal, decidindo sobre os rumos do País. E a cereja desse bolo podre: o deputado prisioneiro, Celso Jacob (PMDB-RJ), condenado por falsificação de documentos, de dia atua na Câmara Federal e à noite dorme na Papuda. Uma conduta impensável em democracias sérias. ALava Jato, protagonizando o ineditismo de colocar figurões da política atrás das grades, é a esperança de uma era de honestidade. Todavia, precisamos de mais mocinhos para atuar nessa operação, porque ainda tem muito bandido no poder.
LUDINEI PICELLI (administrador de empresas) – Londrina