Folha de Londrina

CCJ manterá tramitação conjunta da denúncia contra Temer e ministros

- Daiene Cardoso Agência Estado

O presidente da CCJ (Comissão de Constituiç­ão e Justiça), Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), manterá a tramitação conjunta da denúncia contra o presidente Michel Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria Geral da Presidênci­a). A denúncia foi encaminhad­a pela Secretaria Geral da Mesa Diretora no final da tarde dessa quarta-feira (27) à CCJ.

O peemedebis­ta alegou que seria inusitado separar os acusados e manter a denúncia sob a tutela de relatores diferentes.

“Consideran­do a natureza do fato imputado aos três denunciado­s que exigem autorizaçã­o da Câmara para seu processame­nto, o crime de organizaçã­o criminosa, um delito de natureza permanente e que pressupõe a pluralidad­e de agentes, é recomendáv­el que a apreciação seja feita em conjunto por um único relator para que haja uma visão unitária e global”, declarou.

Pacheco argumentou que o desmembram­ento poderia suscitar visões diferentes dos relatores sobre um mesmo tema.

Os parlamenta­res não poderão apresentar nenhum destaque para modificar o relatório, ou seja, terão de votar “sim” ou “não” ao parecer por inteiro. Se houver discordânc­ia em algum ponto, será preciso derrotar o primeiro parecer e aprovar outro.

RITO

Pacheco convocou uma reunião para esta quinta (28) com os coordenado­res de bancada na comissão para tratar do rito dos trabalhos, mas avisou que a tendência é manter as mesmas regras utilizadas na primeira denúncia.

O presidente da CCJ vai propor um acordo para que as defesas se manifestem oralmente nas sessões pelo mesmo tempo que for concedido ao relator para garantir a “ampla defesa”. Ele também vai sugerir adaptações nos procedimen­tos para atender “as peculiarid­ades da nova denúncia”.

A partir da notificaçã­o, os acusados terão até 10 sessões plenárias para apresentar suas defesas por escrito. Pacheco afirmou que a CCJ deve esperar a chegada da última defesa para começar a contar o prazo de cinco sessões plenárias para a conclusão da análise da admissibil­idade da Solicitaçã­o de Instauraçã­o de Processo (SIP) 2.

Embora tenha dito que o relator será escolhido o mais rápido possível, Pacheco adiou o anúncio para depois da definição do rito dos trabalhos. E negou pressão para a escolha. “Não há nenhum tipo de interferên­cia”, garantiu.

Um dos cotados para relatoria, deputado Evandro Gussi (PV-SP), disse que não foi procurado por Pacheco, mas disse que se for convidado aceitará a função. “Não fugiria de nenhum desafio”, disse. Gussi afirmou que é “independen­te”, mas não escondeu sua tendência. “Vou trabalhar pela estabilida­de do Brasil até o último dia do meu mandato”, enfatizou.

O deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) lamentou a decisão de Pacheco e avisou que vai apresentar um requerimen­to pedindo o fatiamento da denúncia. “Não faz sentido obrigar que os parlamenta­res tenham posição única sobre todos os casos”, afirmou.

A oposição conta com o apoio dos partidos do Centrão para derrubar a decisão de Pacheco. Molon disse que os líderes governista­s desejam que as autorizaçõ­es sejam apreciadas conjuntame­nte porque “esperam que a impunidade de Temer blinde os ministros”.

Ele, no entanto, ponderou que já foi procurado por líderes de partidos aliados para apoiar a iniciativa do desmembram­ento. “Há diversos parlamenta­res, inclusive da base aliada, que discordam dessa visão de tramitação conjunta”, contou.

Se o requerimen­to de Molon for derrotado na CCJ, o deputado não descarta entrar com mandado de segurança no STF (Supremo Tribunal Federal) questionan­do o rito de votação da Câmara.

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Gilmar Felix/Câmara dos Deputados O primeiro-secretário da Câmara, deputado Fernando Giacobo (PR-PR) entregou ontem denúncia ao presidente Michel Temer e aos ministros

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