Sem medo de ser veraz
Quando Dante desceu aos infernos, teve como guia o mestre Virgílio. Também nós, se quisermos conhecer o abismo em que o Brasil foi mergulhado nas últimas décadas, precisamos de um escritor que nos mostre as verdadeiras dimensões da tragédia nacional. Esse homem está em Londrina e se chama Flávio Gordon. Ele lança hoje em nossa cidade — berço da operação Lava Jato — o livro “A Corrupção da Inteligência — Intelectuais e Poder no Brasil”, um guia indispensável para entender as trevas espirituais e políticas do nosso tempo.
Vivemos, no Brasil, três genocídios simultâneos: o do crime, o da economia e o da inteligência. O primeiro traduz-se no império do tráfico e nos 70 mil homicídios anuais; o segundo se vê nos 14 milhões de desempregados e 60 milhões de endividados; o terceiro está na pior educação do mundo e numa elite intelectual dos infernos. “A Corrupção da Inteligência” fala sobre este terceiro genocídio — o pior de todos, pois leva à morte da alma.
Em seu livro, Gordon expõe as vísceras do país criado pelo PT e seus miquinhos amestrados de todos os partidos: é um país mau, feio, mentiroso e profundamente injusto. A data nacional perfeita para o país do PT encontra-se nos recibos enviados por Lula à Lava Jato: 31 de junho. (Parece que já há um deputado pensando em instituir a efeméride.)
É simbólico que “A Corrupção da Inteligência” esteja sendo lançado nestes dias em que o ex-ministro Antonio Palocci define o partido que fundou como “uma seita”. Em seu livro, Gordon conceitua a esquerda contemporânea como representante de uma nova religião política, sem a qual nenhuma das formas de cleptocracia (o governo do roubo) pode se manter.