Folha de Londrina

Senado adia para terça-feira votação que pode reverter decisão do STF pelo afastament­o de Aécio

Estratégia é ganhar tempo para que a decisão desfavoráv­el ao senador tucano possa ser revertida pelo plenário do próprio STF

- Talita Fernandes e Daniel Carvalho Folhapress

Brasília - O Senado adiou para a próxima semana uma votação pode reverter o afastament­o e o recolhimen­to noturno do senador Aécio Neves (PSDB-MG).

Inicialmen­te, estava prevista para essa quinta-feira (28) a revisão pelos senadores da decisão pela primeira turma do STF (Supremo Tribunal Federal). O caso deve ser levado ao plenário do Senado na próxima terça-feira (3). Contudo, após novo embate entre o Judiciário e Legislativ­o, parlamenta­res decidiram deixar o caso para semana que vem. A estratégia é ganhar tempo para que a decisão desfavoráv­el a Aécio possa ser revertida pelo plenário do próprio STF.

Na última terça-feira (26), a primeira turma do tribunal decidiu impor medidas cautelares a Aécio por três votos favoráveis e dois contrários. Cabe ainda recurso para que os onze ministros da Corte analisem o caso.

O julgamento gerou, inclusive, divergênci­as entre os próprios magistrado­s. O ministro Gilmar Mendes defendeu que, pela gravidade do assunto, o caso deveria ser levado para o plenário do STF. “Quando a turma começa a poetizar, começa a ter um tipo de comportame­nto, vamos dizer assim, suspeito, certamente seria bom que a matéria viesse para o plenário”, disse.

A decisão em adiar a votação foi tomada durante reunião de líderes realizada na manhã dessa quinta. Ficou combinado com o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), que seria mais prudente esperar um posicionam­ento do plenário do Supremo.

Embora venha sendo pressionad­o pelos senadores a tomar uma postura de enfrentame­nto ao Supremo, Eunício tem evitado criar um embate com o Judiciário.

Na noite de quarta-feira (27), após ter sido notificado sobre a decisão contra Aécio, o peemedebis­ta se reuniu com a ministra Cármen Lúcia, presidente do STF.

Nessa quinta, Eunício chegou a abrir a sessão, mas o plenário deliberou apenas um requerimen­to do líder do PSDB, Paulo Bauer (SC), foi votado. Ele pedia o adiamento do caso.

O líder da oposição, senador Humberto Costa (PT-PE), disse que o partido fará uma representa­ção contra Aécio no Conselho de Ética da Casa.

DEBATE

Preocupado­s com o próprio destino, já que muitos são investigad­os, senadores vinham pressionan­do Eunício para que o caso de Aécio fosse levado para votação em plenário. Eles afirmam que o afastament­o não tem respaldo na Constituiç­ão e citam o artigo 53 do texto. O dispositiv­o prevê prisão para parlamenta­res

NOTIFICAÇíO Aécio Neves (PSDB-MG) recebeu nessa quinta-feira, em sua residência em Brasília, a notificaçã­o de seu afastament­o

só em caso de “flagrante delito de crime inafiançáv­el”.

Nesse mesmo dispositiv­o, o texto diz que as prisões de parlamenta­res precisam ser confirmada­s pelo plenário da Casa respectiva: ou seja, a Câmara se trata-se de um deputado, e o Senado, se for um senador.

A decisão da Justiça gerou reações inclusive de parlamenta­res de partidos de oposição a Aécio, como o PT, que se manifestou contrário à medida do Supremo. do mandato e das restrições de liberdade à noite, impostas pela 1ª turma do STF. Gravado pelo delator Joesley Batista, o senador foi acusado à Justiça de receber propina de R$ 2 milhões do frigorífic­o JBS e de tentar atrapalhar as investigaç­ões da Operação Lava Jato.

Em nota, Aécio disse que seu afastament­o do mandato é “uma condenação sem que processo judicial tenha sido aberto”, diz o texto. “Portanto, sem que sequer ele tenha sido declarado réu e, o mais grave, sem que tenha tido acesso ao direito elementar de fazer sua defesa”, afirmou.

(Com Agência Estado)

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Marcelo Camargo/Agência Brasil Eunício Oliveira, Romero Jucá e Renan Calheiros discutem o caso Aécio Neves: mais prudente é esperar um posicionam­ento do plenário do Supremo
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