Planeta Terra
Segundo o físico Marcelo Gleiser (Dartmouth College, Hanover/USA), o planeta Terra possui características que merecem ser preservadas pelas ações da humanidade. Como nós sabemos, a nossa atmosfera, rica em oxigênio, permite que seres com um metabolismo mais complexo sobrevivam. Agradeça às cianobactérias pelo ar de cada dia. A atmosfera, rica em ozônio, filtra a radiação ultravioleta que vem do Sol e que é extremamente nociva à vida. Ela também possui uma densidade justa para que seja possível uma enorme diversidade das formas de vida. Se fosse pouco densa, seria difícil voar ou flutuar; se fosse muito densa, seria esmagadora.
O campo magnético da Terra funciona como um polo atrativo de partículas que vêm do Sol e do espaço. Essa radiação toda seria extremamente prejudicial à vida caso não fosse afunilada nos polos. Sem o magnetismo terrestre e sem nossa atmosfera estaríamos em maus lençóis.
A água que temos aqui é uma preciosidade; sem ela não haveria vida. Não sabemos de onde veio essa água toda, se bem que parte dela é oriunda de cometas que se chocaram com a Terra ainda em sua infância (o planeta possui aproximadamente 5 bilhões de anos!). A água é nosso maior tesouro e precisamos tratar muito bem dela. Esse é o século em que a água se tornará um fator predominantemente de conflito global (vide as disputas pelas Colinas de Golã, pela Caxemira e pelo Tibete). O que o petróleo fez com a geopolítica do século 20, a água fará com a dos séculos 21 e 22.
Nossa Lua também é essencial. Por ser única e bastante maciça, ela regula e estabiliza o eixo de rotação da Terra, mantendo sua inclinação 23,5 graus com a vertical. Pense na Terra como um pião inclinado, girando em torno de si mesmo. Sem a Lua, esse eixo de rotação mudaria de ângulo aleatoriamente e o clima não poderia ser estável (primavera, verão, outono e inverno). E, sem um clima estável, a vida complexa acaba se tornando inviável. E nós, aqui, preocupados com os nossos problemas pessoais; indignados com a nossa governança política e com a corrupção nacional, acabamos por esquecer do milagre da vida.
Pirro (365-270 a.C), grego fundador do ceticismo, ensina que: “Ninguém sabe nada e, portanto, para sermos felizes, devemos nos libertar dos desejos e não nos importar com a maneira como as coisas se revelam. Dessa forma, nada afetará nosso estado de espírito, que será de tranquilidade interior”.
RICARDO LAFFRANCHI é advogado em Londrina