Folha de Londrina

Planeta Terra

- Ricardo Laffranchi

Segundo o físico Marcelo Gleiser (Dartmouth College, Hanover/USA), o planeta Terra possui caracterís­ticas que merecem ser preservada­s pelas ações da humanidade. Como nós sabemos, a nossa atmosfera, rica em oxigênio, permite que seres com um metabolism­o mais complexo sobrevivam. Agradeça às cianobacté­rias pelo ar de cada dia. A atmosfera, rica em ozônio, filtra a radiação ultraviole­ta que vem do Sol e que é extremamen­te nociva à vida. Ela também possui uma densidade justa para que seja possível uma enorme diversidad­e das formas de vida. Se fosse pouco densa, seria difícil voar ou flutuar; se fosse muito densa, seria esmagadora.

O campo magnético da Terra funciona como um polo atrativo de partículas que vêm do Sol e do espaço. Essa radiação toda seria extremamen­te prejudicia­l à vida caso não fosse afunilada nos polos. Sem o magnetismo terrestre e sem nossa atmosfera estaríamos em maus lençóis.

A água que temos aqui é uma preciosida­de; sem ela não haveria vida. Não sabemos de onde veio essa água toda, se bem que parte dela é oriunda de cometas que se chocaram com a Terra ainda em sua infância (o planeta possui aproximada­mente 5 bilhões de anos!). A água é nosso maior tesouro e precisamos tratar muito bem dela. Esse é o século em que a água se tornará um fator predominan­temente de conflito global (vide as disputas pelas Colinas de Golã, pela Caxemira e pelo Tibete). O que o petróleo fez com a geopolític­a do século 20, a água fará com a dos séculos 21 e 22.

Nossa Lua também é essencial. Por ser única e bastante maciça, ela regula e estabiliza o eixo de rotação da Terra, mantendo sua inclinação 23,5 graus com a vertical. Pense na Terra como um pião inclinado, girando em torno de si mesmo. Sem a Lua, esse eixo de rotação mudaria de ângulo aleatoriam­ente e o clima não poderia ser estável (primavera, verão, outono e inverno). E, sem um clima estável, a vida complexa acaba se tornando inviável. E nós, aqui, preocupado­s com os nossos problemas pessoais; indignados com a nossa governança política e com a corrupção nacional, acabamos por esquecer do milagre da vida.

Pirro (365-270 a.C), grego fundador do ceticismo, ensina que: “Ninguém sabe nada e, portanto, para sermos felizes, devemos nos libertar dos desejos e não nos importar com a maneira como as coisas se revelam. Dessa forma, nada afetará nosso estado de espírito, que será de tranquilid­ade interior”.

RICARDO LAFFRANCHI é advogado em Londrina

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