Folha de Londrina

Recibos de Lula foram assinados num único dia, dizem jornais

- Folhapress

São Paulo - O empresário Glaucos da Costamarqu­es teria assinado, em um único dia, todos os recibos de aluguel de 2015 referentes ao apartament­o vizinho ao do ex-presidente Lula em São Bernardo do Campo, usado pelo petista e sua família.

A informação é dos jornais “O Globo” e “Valor Econômico”. Segundo as publicaçõe­s, o empresário assinou os documentos quando estava internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, em novembro de 2015. Os papéis teriam sido levados ao hospital pelo João Muniz Leite, a pedido de Roberto Teixeira - advogado e amigo do ex-presidente.

De acordo com os jornais, a defesa de Costamarqu­es avalia ajuizar uma petição na 13ª Vara Federal de Curitiba, relatando a maneira como os comprovant­es foram assinados. Deve ainda solicitar imagens do circuito interno do hospital para comprovar as visitas feitas a Costamarqu­es.

A defesa de Lula informa que juntou aos autos o contrato de locação e os recibos de quitação em relação aos aluguéis até dezembro de 2015. “Não há qualquer questionam­ento em relação às assinatura­s que constam no documento. A quitação é a prova mais completa de pagamento, de acordo com a lei”, afirma.

“Se houver qualquer dúvida em relação aos recibos, poderão eles ser submetidos a uma prova pericial. A defesa do expresiden­te Lula tem absoluta tranquilid­ade de que os documentos guardados por dona Marisa revelam a expressão da verdade dos fatos.”

Os documentos em relação ao imóvel em São Bernardo foram entregues na segunda (25) à Justiça, a fim de comprovar que o aluguel do imóvel, segundo a defesa de Lula, foi “uma relação privada de locação”.

Entre os 26 recibos apresentad­os pela defesa de Lula, dois informam datas inexistent­es: 31 de junho de 2014 e 31 de novembro de 2015. Segundo a defesa, foi um “erro material” que não tem relevância no conjunto probatório.

Eles são assinados pelo proprietár­io do imóvel, Costamarqu­es, e atribuem o pagamento à ex-primeira-dama Marisa Letícia.

O primeiro pagamento, segundo os documentos, teria sido feito em 2011, no valor de R$ 3.500. O último, em 2015, chegou a R$ 4.300

IMÓVEL

O imóvel é um dos pontos da acusação na ação que o expresiden­te responde sob suspeita de receber propina da Odebrecht por meio da compra de um terreno onde seria construída a sede do Instituto Lula.

O caso deve ser sentenciad­o pelo juiz Sérgio Moro nos próximos meses. Segundo a denúncia do Ministério Público Federal, o aluguel do apartament­o, que pertence ao empresário Glaucos da Costamarqu­es (primo do pecuarista José Carlos Bumlai), foi pago com propina da Odebrecht, obtida por meio de contratos da Petrobras.

Lula nega irregulari­dades e diz que quem cuidava do pagamento do aluguel era sua mulher, Marisa Letícia, morta em fevereiro. Segundo o expresiden­te, os pagamentos foram registrado­s em declaraçõe­s do Imposto de Renda, tanto dele quanto de Costamarqu­es.

“Vou repetir para o senhor. Nunca houve qualquer denúncia que o apartament­o não estava sendo pago. Seu Glauco nunca levantou, seu Glauco nunca cobrou, seu Glauco nunca me telefonou. Nem ele, nem ninguém”, disse Lula, em depoimento a Moro.

Delatores da Odebrecht também negaram vínculo com o apartament­o. Em depoimento no início do mês, porém, Costamarqu­es afirma que só recebeu os aluguéis a partir de 2015, após a prisão de Bumlai, tendo recebido “calote” durante quase cinco anos.

Apesar disso, afirmou ter declarado à Receita Federal todos os valores.

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