Folha de Londrina

Menino é encontrado em cela de preso acusado de estupro

- Luciano Coelho Agência Estado

São Paulo - Não houve fuga. Na ocasião, 260 detentos estavam nas duas galerias, que juntas poderiam abrigar até 70 presos.

Uma semana após os fatos, o cenário de superlotaç­ão permanece. Mesmo com a transferên­cia de 125 presos

A Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos do Piauí investiga a presença de um menino de 11 anos na cela de um detento acusado de estupro na Penitenciá­ria Agrícola Major César Oliveira, em Altos, a 42 quilômetro­s de Teresina. Segundo o Conselho Tutelar, o menor foi deixado proposital­mente no presídio pelos pais. Ele foi encontrado embaixo da cama do detento e submetido a exame de corpo de delito no IML (Instituto Médico-Legal), o qual não constatou conjunção carnal.

A criança foi encontrada após uma vistoria no presídio, realizada depois de um alvoroço entre os presos por causa da presença da criança. O menor não tem qualquer grau de parentesco com o detento, que não teve o nome revelado, e está preso acusado de estupro.

Em depoimento ao Conselho Tutelar, os pais da criança disseram que o detento é amigo da família e que deixaram o menino passar a noite no presídio porque ele estava cansado. Afirmaram, ainda, que voltariam no dia seguinte para buscá-lo. “Eles são de situação vulnerável e foram a pé visitar esse amigo. Relataram que é uma caminhada muito longa e estavam cansados. O adolescent­e disse que ele mesmo pediu para ficar”, comentou a conselheir­a tutelar Nazaré Castelo Branco.

Sábado e domingo são dias de visita na penitenciá­ria. A família relatou que foi ao presídio a pé para visitar o suposto amigo e tinha a expectativ­a de pegar as roupas do detento para lavá-las em troca de algum dinheiro.

O Sinpoljusp­i (Sindicato dos Agentes Penitenciá­rios do Piauí) informou que, neste presídio, as visitas acontecem dentro dos alojamento­s, e não em uma área comum. “O menino foi resgatado pelos agentes, que suspeitara­m de ações dos detentos e resolveram fazer uma verificaçã­o em um dos prédios da unidade prisional. Segundo as informaçõe­s que conseguimo­s colher, o preso estava sem camisa, deitou com o adolescent­e e tocou em suas partes íntimas. Tem que ser investigad­o se houve favorecime­nto financeiro para que esse menino ficasse em poder desse preso”, disse o vice-presidente do sindicato, Kleiton Holanda. Ao Conselho Tutelar, no entanto, o menino negou que tenha sido tocado pelo detento.

O gerente da Colônia Agrícola Major César, Cleiton Lima, disse que os pais do menino contaram que deixaram a criança de propósito na unidade prisional para “evitar levar o menino para casa e trazer no outro dia, já que domingo também é dia de visita”. Segundo Lima, não foi constatada nenhuma violência contra o menor, de acordo com o exame realizado no IML.

“É uma situação gravíssima. Essas visitas deveriam ser cadastrada­s no serviço social da unidade e deveriam ser feitas sob supervisão dos agentes. Mas não é feita, porque o número de agentes penitenciá­rios é insuficien­te”, comentou o diretor jurídico do sindicato, Vilobaldo Carvalho.

A Secretaria de Justiça afirma que o preso foi punido e deslocado para a ala de triagem. “As investigaç­ões também estão correndo no âmbito da Polícia Civil. Além disso, solicitei um relatório para o gerente da unidade prisional”, disse o secretário Daniel Oliveira.

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