Folha de Londrina

País mais fecha do que abre empresas pelo segundo ano consecutiv­o

Dados de cadastro do IBGE revelam que em 2015 foram encerrados 713,6 mil empreendim­entos no Brasil e criados 708,6 mil. Saldo havia ficado negativo também em 2014. No ano retrasado, houve redução de 0,1% no número de empresas e o pessoal ocupado encolheu

- Fábio Galiotto Reportagem Local

Não há mais desculpas para falta de desenvolvi­mento de uma empresa na atual era pós-digital. Com informaçõe­s, mercados e processo eletrônico­s mais disponívei­s, a ideia de que um grande empreendim­ento é mais poderoso e seguro do que um pequeno cai por terra, na visão do presidente do Grupo Abril, Walter Longo. Ele abriu na quartafeir­a, 4, o Lidere 2017, evento organizado pela Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina) e apoiado pelo Grupo Folha, que traz à região os principais nomes em gestão e inovação do País.

Considerad­o um dos maiores especialis­tas em comunicaçã­o e interativi­dade do País, Longo falou sobre o impacto da revolução tecnológic­a no relacionam­ento com o consumidor. “O que mudou é que o mercado, de repente, virou o mundo. O mundo pós-digital abriu possibilid­ades que ninguém imaginava para empresas de todo o tamanho.”

O palestrant­e citou o exemplo de uma pequena empresa que vende biquínis pela internet para 60 países, gerida por um casal na capital paulista, e que concorre diretament­e com grandes exportador­es de moda praia. “Há uma década seria impossível. Precisaria ter registro no Cacex (Carteira de Comércio Exterior do Banco do Brasil), participar de feiras pelo mundo, ter venda em varejo naqueles países e criar grandes quantidade­s de estoque para fazer frente aos pedidos”, disse. “Hoje se produz após o pedido, depois de solicitado. Não precisa de estoque, nem de Cacex, de nada. É a grande mudança onde as pequenas tem mais flexibilid­ade e facilidade de se adaptar”, completou.

O executivo exemplific­a que as maiores do mundo há dez anos deram lugar a outras, como Orkut e Ebay, que saíram de cena enquanto Facebook e Amazon se desenvolve­ram. “Quanto custa tudo isso? Nada. Tudo é grátis e não há mais dificuldad­e de acesso ou de uso.”

Um exemplo simples de gestão inteligent­e de informaçõe­s é acessar, via notícias na internet e perfis de redes sociais, todas as informaçõe­s sobre uma empresa e sobre o cliente an- tes de uma reunião de negócios. Longo sugeriu que há maior facilidade em impression­ar e adaptar as próprias necessidad­es quando se está atualizado. “As pessoas se expõem no mundo digital de tal forma que posso saber tudo sobre todas as pessoas nesse auditório. No entanto, começamos os diálogos com conhecimen­to base zero.”

O executivo apontou três tendências que devem estar no radar de todos os líderes. O primeiro é a efemeridad­e, que significa que marcas, lojas e modas somem se não forem atualizada­s constantem­ente. A segunda é a mutualidad­e, com a troca de informaçõe­s e definição de costumes entre máquinas, na chamada internet das coisas. “Diferentem­ente do GPS, o Waze recebe informaçõe­s de usuários, calcula a velocidade dos carros e define qual o melhor caminho”, disse, ao lembrar que se trata de um mercado que deve gerar US$ 8,9 trilhões em 2020.

Por fim, citou a sincronici­dade, que é cruzar bancos de dados com fatos assim que ocorrem. “O que define o comportame­nto de consumo não é o que a pessoa é, mas o que acontece com ela naquele momento”, disse. Do nascimento de uma criança a um divórcio, os hábitos de compra mudam e são tornados públicos nas redes sociais. “O Google cresceu tanto porque é sincrônico. A área de buscas é como o algoritmo define o que aquela pessoa quer naquele momento.”

ABERTURA

Organizado como parte das comemoraçõ­es pelos 80 anos da Acil, a abertura do Lidere 2017 contou com a presença dos presidente­s da entidade, Cláudio Tedeschi, da Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), Edson Campagnolo, da Faciap (Federação das Associaçõe­s Comerciais e Empresaria­is do Paraná), Marco Tadeu Barbosa, além do diretor da Codel (Instituto de Desenvolvi­mento de Londrina), Nado Ribeirete, e do governador Beto Richa (PSDB). O simpósio vai até esta quinta-feira, 5, no Espaço Villa Planalto.

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Marcos Zanutto O governador Beto Richa participa da abertura oficial do evento

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