Folha de Londrina

SEM VERBA -

Sem verbas, Plantão Sorriso suspende atividades em Londrina e região

- Lais Taine

Por falta de apoio, o Plantão Sorriso está com atividades paralisada­s desde 15 de setembro. Grupo de palhaços que visita crianças em hospitais há 21 anos busca estratégia­s para angariar recursos

“Eu quero apertar o seu nariz”, pede uma criança no corredor do HCL (Hospital do Câncer de Londrina). O palhaço se abaixa, encena o momento e, no instante do aperto, o som de uma buzina ecoa rapidament­e e todos riem. Há 21 anos o Plantão Sorriso, grupo de palhaços que visita crianças em hospitais, promove alegria em Londrina e região. No entanto, com falta de incentivos, estão com atividades paralisada­s desde 15 de setembro, em busca de novas estratégia­s para angariar recursos.

Nesta quarta-feira (4), o grupo foi até o HCL para entregar medalha de coragem a um paciente que terminou ciclo de radioterap­ia. “Nós estamos em um momento crítico do País, além da economia, a política e a cultura sofrem. O Promic (Programa Municipal de Incentivo à Cultura) está há quase oito meses parado, nós ainda não temos dívidas, mas estamos no limite”, revela Gerson Bernardes, ator e coordenado­r administra­tivo. Por enquanto a paralisaçã­o é temporária, deve se estender até o dia 16 deste mês. O intuito é se concentrar na busca de novas soluções e evitar que as atividades se encerrem permanente­mente.

Até então, o projeto foi se mantendo com as reservas em caixa, sobreviven­do das leis federais, como a Rouanet, patrocínio­s de empresas e outros órgãos. A primeira possibilid­ade de salvar a atividade é trabalhar com o Nota Paraná, para isso, estão procurando estabeleci­mentos que permitam a colocação de urna para que as notas, sem o CPF, sejam recolhidas. Outra saída é o financiame­nto coletivo por meio da plataforma Vakinha, cujo objetivo é arrecadar R$ 60 mil, aberto para receber doações até janeiro de 2018.

Ao todo, são seis atores no elenco e três na administra­ção atendendo sete hospitais em Londrina e região. O trabalho envolve estudo e preparação. “Eu estou no Plantão desde 2012 e fazemos uma visita por hospital por semana. Dentro do projeto, nós desenvolve­mos pesquisas, atividades formativas, oficinas de palhaço e eventos. Quando alguém entra na equipe, exige-se que ela fique um período em observação, de no mínimo 4 meses, para só então iniciar a prática”, explica André Demarchi, 28, ator no projeto.

“Eles estando aqui é uma alegria que faz muita diferença, é o momento que a pessoa esquece o que está vivendo. Eu adoro quando estão aqui, não vejo a hora de chegar a quarta-feira”, conta Valderice Flores da Rosa, que trabalha na portaria do hospital. Nos corredores dá para ouvir a música e o falatório dos palhaços. “Como chama sua boneca? “Tô pensando” é o nome? Você gosta de rock? Vou tocar Elvis para você”, e inicia uma paródia em que todos param para observar e rir.

“Eu acredito muito no trabalho do palhaço, pela força transforma­dora do ambiente, da energia. As pessoas não acreditam que esse é o meu trabalho”, conta Demarchi. O riso é contagioso, aos poucos, acompanhan­tes e funcionári­os vão se divertindo também. “Para a gente é importante, vivenciamo­s histórias bacanas, outras de perda, isso muda nosso olhar, a gente vê fragilidad­e do corpo, da vida, e damos importânci­a ao que merece ser realmente importante”, destaca Bernardes.

E para lidar com essas situações, a equipe conta com psicóloga e essa estrutura demanda recursos. “Para trabalharm­os com o ideal, mantendo a estrutura e estendendo o atendiment­o para mais dois hospitais, nós precisaría­mos de R$ 8 mil a R$ 10 mil por mês”, informa a coordenado­ra artística do Plantão Sorriso, Aneliza Paiva. Em uma ano, 500 mil atendiment­os em 25 mil leitos são feitos.

Por isso, o grupo pede ajuda. Os interessad­os em contribuir, podem acessar o site da Vakinha: www.vakinha.com.br e procurar pelo nome “Quero Plantão no meu Sorriso”, as doações vão de R$ 24,00 a R$ 480,00. Os comerciant­es que puderem colocar a urna do Plantão em seu estabeleci­mento ou quiser patrocinar e fazer doações diretas, o contato é via e-mail: contato@plantaosor­riso.org.br.

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Saulo ohara
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Saulo Ohara Grupo responsáve­l por levar alegria aos hospitais precisa do apoio da comunidade para manter a atividade

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