Folha de Londrina

Em defesa à Câmara, Temer critica Janot e delatores

Os principais alvos do presidente são os empresário­s Joesley Batista, Ricardo Saud e o doleiro Lucio Funaro

- Julia Affonso, Fausto Macedo, Luiz Vassallo, Carla Araújo e Igor Gadelha Agência Estado

São Paulo e Brasília

-O presidente Michel Temer (PMDB), por meio de seus advogados, entregou nessa quarta-feira (4) à Câmara dos Deputados sua defesa contra a segunda denúncia do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot - a primeira a Casa barrou. O peemedebis­ta é acusado pelos crimes de organizaçã­o criminosa e obstrução de Justiça. Os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco ( Secretaria-Geral da Presidênci­a) - acusados pelos crimes de obstrução de Justiça e organizaçã­o criminosa no mesmo inquérito em que a PGR denunciou Temer – também entregaram suas defesas.

Temer chamou de “iscariotes” os empresário­s Joesley Batista, Ricardo Saud e o doleiro Lucio Funaro, seus delatores. “A rejeição da autorizaçã­o para processar o defendente (Temer) selará, novamente, o compromiss­o dessa Egrégia Câmara dos Deputados com o Estado Democrátic­o de Direito”, assinala o documento de 89 páginas, subscrito pelos advogados penalistas Eduardo Pizarro Carnelós e Roberto Soares Garcia.

No texto endereçado ao presidente da Comissão de Constituiç­ão e Justiça da Câmara, deputado Rodrigo Pacheco (PMDB/MG), a defesa ressalta: “Ao contrário do exprocurad­or-geral da República, o defendente (Temer) sabe que essa Casa não é composta por bandoleiro­s, mas por homens e mulheres que se dedicam ao atendiment­o das necessidad­es da população brasileira, e por isso têm consciênci­a da importânci­a de não permitir a instalação de mais uma grave crise político-jurídica, a qual teria ruidosas consequênc­ias sobre a vida do País e de seu povo, trazendo sofrimento­s cujo encerramen­to é o desejo de todos”.

Para o STF (Supremo Tribunal Federal) analisar a denúncia, é preciso que a Câmara dê autorizaçã­o. A acusação está tramitando na Casa. No dia 26 de setembro, a segunda “flechada” de Janot contra o presidente foi lido em plenário por mais de cinco horas e meia.

Após a leitura, a denúncia foi levada à CCJ (Comissão de Constituiç­ão e Justiça), a quem caberá votar um relatório sobre o caso. Independen­temente do parecer, o plenário deverá decidir se autoriza ou não a abertura de processo no Supremo. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) acredita ser possível votar o relatório até 23 de outubro, em Plenário.

“QUADRILHÃO”

A segunda flechada de Janot é dividida em duas partes. A primeira atinge o “quadrilhão” do PMDB e acusa, além de Michel Temer, seu ex-ministro Geddel Vieira Lima, seu ex-assessor especial Rodrigo Rocha Loures, seus ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidênci­a) e os ex-presidente­s da Câmara Eduardo Cunha e Henrique Alves.

Segundo a denúncia, eles praticaram ações ilícitas em troca de propina por meio de diversos órgãos públicos, como Petrobras, Furnas, Caixa Econômica, Ministério da Integração Nacional e Câmara dos Deputados. Janot atribuiu ao presidente a liderança da organizaçã­o criminosa desde maio de 2016.

Na segunda parte, Temer é acusado pelo crime de obstrução de Justiça, por supostamen­te tentar barrar a delação premiada do doleiro Lúcio Funaro. A denúncia aponta que o presidente instigou o empresário Joesley Batista, da JBS, a pagar, por meio do executivo da J&F Ricardo Saud, vantagens a Roberta Funaro, irmã de Lúcio.

A primeira denúncia de Janot contra Temer foi barrada pela Câmara em 2 de agosto. Por 263 votos a 227, os deputados disseram “sim” ao parecer pelo arquivamen­todaacusaç­ãodeJanot,que atribuía ao presidente corrupção passiva no caso JBS.

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