Extremo abandono
Um menino de 11 anos passando a noite em uma penitenciária do Piauí, na cela de um detento acusado de estupro. O fato que chocou o Brasil nesta semana mostra a situação de vulnerabilidade das crianças brasileiras e como podem ser cruéis as situações de miséria e desestrutura familiar nas periferias de todo o Brasil.
O garoto foi localizado na noite de sábado (30 de setembro), durante uma vistoria no presídio, realizada depois de um alvoroço entre os presos por causa da presença da criança. O menino estava embaixo da cama do detento da penitenciária agrícola de Altos, a 42 quilômetros de Teresina. Ele foi deixado propositalmente pelos pais, que disseram ao Conselho Tutelar que voltariam no dia seguinte para buscá-lo. Segundo os pais, ele estava muito cansado para voltar para casa.
O mais assustador: não era a primeira vez que a criança passava a noite na cela, aos cuidados do detento, que seria amigo da família. O menor foi submetido a um exame de corpo de delito no IML (Instituto Médico Legal), o qual não constatou conjunção carnal. Agora, a polícia investiga se houve favorecimento financeiro para que os pais deixassem o menino em poder do preso.
São muitas irregularidades e um constrangimento enorme para os brasileiros. É desconcertante e gravíssimo constatar que uma criança pode entrar e sair facilmente de uma cela de presídio – a qualquer hora do dia e da noite – e dividir espaço com presos perigosos. Assim como é evidente o abuso e a constatação de que crianças podem estar sendo “agenciadas” pela própria família, com pais ganhando dinheiro ao entregarem os filhos para a prostituição. É o extremo da miséria, da ignorância, da violência e da desestrutura familiar.