Democracia inviável
Sem um mínimo de correlação em números parlamentares, é impossível viver a experiência democrática semelhante à vista ontem no Senado na questão Aécio Neves. Essa a máxima das fragilidades nessa prática no Paraná, onde o peso do rolo compressor se impõe mesmo na existência de um governo fragilizado pelos fortes sinais de corrupção e de uma gestão sem obras, ainda que mobilizada ao menos para as ações fiscais.
O debate que poderia ter havido (em termos conceituais, doutrinários) em torno do teto dos gastos é bem um exemplo dessa pasmaceira: ora, numa sociedade carente de serviços públicos como a nossa é chocante botar camisa de força em investimentos públicos quando se sabe que saúde, educação e segurança, trilogia chave do Estado, estão numa pior. Além de tudo, a lição de casa, a da austeridade fiscal, é praticada pela metade, uma lipoaspiração no tamanho do Estado parece inquestionável até pelo baixo desempenho do conjunto e marcado ainda pela patologia das superposições e dos paralelismos que despendem energia e dinheiro. Entra na cabeça de alguém que se faria isso em ano eleitoral? E a “governabilidade”, o emprego dos cupinchas que vivem à custa do setor público, os aspones?
Pior de tudo é que com tanto sacrifício, saque no capital da Paranaprevidência condenada à exaustão atuarial em pouco mais de uma década, o governo não pode fazer concursos porque não têm fundos necessários e uma avalanche de aposentadorias que atingiria 20% a 25% dos quadros funcionais estaria na iminência de ocorrer e evidenciaria a calamidade real que os marqueteiros ocultam quando pregam a farolagem do oásis fiscal.