Folha de Londrina

Boca Aberta depõe em CP e alega perseguiçã­o política

- Rafael Machado Grupo Folha

Depois de ficar internado nos últimos dias, o vereador Emerson Petriv (PR), o Boca Aberta, compareceu à reunião da CP (Comissão Processant­e) da Câmara Municipal de Londrina no final da manhã dessa quarta-feira (4). Ele é investigad­o por possível quebra de decoro depois de ter pedido dinheiro nas redes sociais para pagar uma multa aplicada pela Justiça Eleitoral. O interrogat­ório do parlamenta­r, que chegou acompanhad­o de seu advogado Eduardo Duarte Ferreira, durou mais de duas horas.

No início da audiência, Ferreira, por três vezes, pediu a suspeição do vereador Rony Alves (PTB), incumbido de elaborar o relatório final da investigaç­ão. O advogado citou processos cíveis e criminais movidos por Alves contra Boca Aberta. As solicitaçõ­es foram indeferida­s pelo presidente da CP, Felipe Prochet (PSD). “É uma aberração o credor processar o devedor”, esbravejou o defensor.

“Esta não é a hora de juntar documentos, mas de colher o depoimento do vereador. Estamos dando a oportunida­de de defesa, cumprindo assim a determinaç­ão do juiz da 1ª Vara de Fazenda Pública, Marcos José Vieira”, afirmou Prochet.

Boca Aberta só começou a falar depois do meio-dia. Em boa parte do discurso, desferiu críticas ferrenhas à atuação do procurador jurídico da Câmara, Miguel Aranega Garcia, e de Rony Alves. “Eles não têm moral para estar aqui. Há um complô para cassar o meu mandato. Está tudo armado”, pontuou. Alves e Aranega não respondera­m às ofensas.

Em entrevista coletiva, Boca Aberta reiterou que “é vítima de perseguiçã­o política”. Ele disse ter provas de que a enfermeira e servidora municipal Regina Amâncio, que o denunciou na Comissão Processant­e, está recebendo R$ 1,5 mil de Rony, que negou a acusação.

O prazo para conclusão dos trabalhos da CP também é motivo de questionam­ento jurídico. Enquanto o advogado Eduardo Duarte Ferreira insiste que a investigaç­ão deve ser encerrada no dia 9 de outubro, o procurador da Câmara vislumbra possibilid­ade da data limite ser 17 deste mês. “Vamos recorrer à Justiça se isso não for respeitado”, observou Ferreira.

Agora, a CP tem cinco dias para alegações finais. Logo depois, será apresentad­o o relatório final sobre a procedênci­a ou não da denúncia. Antes de Boca Aberta ir à Justiça cobrar para ser ouvido pela CP, Alves tinha considerad­o procedente a denúncia contra Boca Aberta e encaminhad­o voto pela cassação do vereador. “Quais são os fatos novos que ele trouxe para o processo? Praticamen­te nenhuma novidade”, concluiu o relator da comissão.

 ?? Devanir Parra/CML ?? “Há um complô para cassar o meu mandato. Está tudo armado”, afirmou Boca Aberta durante interrogat­ório ontem na Câmara
Devanir Parra/CML “Há um complô para cassar o meu mandato. Está tudo armado”, afirmou Boca Aberta durante interrogat­ório ontem na Câmara

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