Boca Aberta depõe em CP e alega perseguição política
Depois de ficar internado nos últimos dias, o vereador Emerson Petriv (PR), o Boca Aberta, compareceu à reunião da CP (Comissão Processante) da Câmara Municipal de Londrina no final da manhã dessa quarta-feira (4). Ele é investigado por possível quebra de decoro depois de ter pedido dinheiro nas redes sociais para pagar uma multa aplicada pela Justiça Eleitoral. O interrogatório do parlamentar, que chegou acompanhado de seu advogado Eduardo Duarte Ferreira, durou mais de duas horas.
No início da audiência, Ferreira, por três vezes, pediu a suspeição do vereador Rony Alves (PTB), incumbido de elaborar o relatório final da investigação. O advogado citou processos cíveis e criminais movidos por Alves contra Boca Aberta. As solicitações foram indeferidas pelo presidente da CP, Felipe Prochet (PSD). “É uma aberração o credor processar o devedor”, esbravejou o defensor.
“Esta não é a hora de juntar documentos, mas de colher o depoimento do vereador. Estamos dando a oportunidade de defesa, cumprindo assim a determinação do juiz da 1ª Vara de Fazenda Pública, Marcos José Vieira”, afirmou Prochet.
Boca Aberta só começou a falar depois do meio-dia. Em boa parte do discurso, desferiu críticas ferrenhas à atuação do procurador jurídico da Câmara, Miguel Aranega Garcia, e de Rony Alves. “Eles não têm moral para estar aqui. Há um complô para cassar o meu mandato. Está tudo armado”, pontuou. Alves e Aranega não responderam às ofensas.
Em entrevista coletiva, Boca Aberta reiterou que “é vítima de perseguição política”. Ele disse ter provas de que a enfermeira e servidora municipal Regina Amâncio, que o denunciou na Comissão Processante, está recebendo R$ 1,5 mil de Rony, que negou a acusação.
O prazo para conclusão dos trabalhos da CP também é motivo de questionamento jurídico. Enquanto o advogado Eduardo Duarte Ferreira insiste que a investigação deve ser encerrada no dia 9 de outubro, o procurador da Câmara vislumbra possibilidade da data limite ser 17 deste mês. “Vamos recorrer à Justiça se isso não for respeitado”, observou Ferreira.
Agora, a CP tem cinco dias para alegações finais. Logo depois, será apresentado o relatório final sobre a procedência ou não da denúncia. Antes de Boca Aberta ir à Justiça cobrar para ser ouvido pela CP, Alves tinha considerado procedente a denúncia contra Boca Aberta e encaminhado voto pela cassação do vereador. “Quais são os fatos novos que ele trouxe para o processo? Praticamente nenhuma novidade”, concluiu o relator da comissão.