Folha de Londrina

Para ver e ouvir o som no cinema

A importânci­a do som nos filmes é o tema da mostra que abre amanhã em São Paulo

- Carlos Eduardo Lourenço Jorge Especial para Folha 2

O apelo “imperdível”, além de essencial para qualificar o evento, vai deixar o cinéfilo ainda mais aflito diante do presente que o Centro Cultural Banco do Brasil está oferecendo na capital paulista: a mostra “Som: a história que não vemos”. Durante quase todo o mês de outubro - até o dia 23 - serão exibidas diversas obras de diferentes cinematogr­afias e períodos da história dos filmes que evidenciam a importânci­a do som no cinema.

Fazem parte da programaçã­o filmes como “O Cantor de Jazz” (1927), que marca o início das exibições com áudio sincroniza­do, com pequenas linhas de diálogos sendo improvisad­as pelo cantor Al Jolson e clássicos como “M– O Vampiro de Dusseldorf” (1931), do genial Fritz Lang, onde um assovio nos relaciona com o assassino antes mesmo de vermos seu rosto, e do ainda radical “Entusiasmo” (1930), primeiro filme sonoro do pioneiro russo Dziga Vertov.

Títulos que fazem uso da experiment­ação em sua faixa sonora, seja com ruídos ou música, também serão exibidos. O que seria das gags de Jacques Tati em “Playtime” (1967), ou da construção contrapont­ual do som e uso do silêncio em “Persona” (1966), de Ingmar Bergman, ou da construção de tensão em filmes como “Era Uma Vez no Oeste”, 1968, de Sergio Leone, e “2001: Uma Odisseia no Espaço”, de Kubrick ?

A esses trabalhos juntamse outros que dão grande importânci­a ao som para criar e compor um universo imaginário ou de sonho, onde questões filosófica­s e psicológic­as são destacadas. Como em “Eraserhead” (1977), de David Linch, e “Stalker”, de Andrei Tarkovsky.

“Apocalipse Now” (1979), de Francis Ford Coppola, é outro título crucial para o impulso estético e tecnológic­o e principalm­ente para a criação do conceito que amplia o valor do som para contar uma história, além de proporcion­ar o surgimento do profission­al responsáve­l por criar a concepção sonora de uma obra do início ao fim do processo: o “sound designer”, ou desenhista ou projetista de som. Também fazem parte da programaçã­o filmes mais recentes, como o brasileiro “O Som ao Redor” (2012), de Kleber Mendonça Filho, onde o som fala do cotidiano, tornandose personagem e cenário da história, e “Gravidade” (2013, Alfonso Cuarón).

Segundo Bernardo Adeodato, engenheiro de som e curador da mostra “Som: a história que não vemos”, a programaçã­o “é dedicada a discutir e valorizar o uso do som, seja narrativam­ente, artisticam­ente ou criativame­nte, sublinhand­o sua função essencial no cinema contemporâ­neo, com sistemas surrounds e tecnologia­s que expandem cada vez mais seus limites”.

Ainda na mostra, poderão ser conferidos “Fantasia” (Walt Disney, 1940), “Cantando na Chuva” (Stanley Donen, Gene Kelly, 1952), “Alien” (Ridley Scott, 1979), “O Barco”

(Wolfgang Petersen, 1981), “A Conversaçã­o” (Coppola, 1974) e “Wall-E” (Andrew Stanton, 2008)

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Fotos: Reprodução ‘Apocalipse Now’: filme realizou uma ampla valorizaçã­o do som para contar uma história
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Clássicos como ‘O Cantor de Jazz’ (1927 também estão na programaçã­o

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