Folha de Londrina

Triunfo e amor próprio

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Avitória do Londrina na final da Copa da Primeira Liga, disputada no Estádio do Café na noite de quarta-feira (4), foi muito além do triunfo nos pênaltis sobre o Atlético Mineiro que rendeu o título. Para o clube, foi a coroação de um processo de recuperaçã­o que está perto de completar o sétimo ano, dentro e fora de campo. Na parte administra­tiva, o LEC se aproxima de quitar todas as dívidas fiscais e a grande maioria das pendências trabalhist­as. Nas quatro linhas, além da taça desta semana, vieram a volta à elite do futebol paranaense e à Série B do Campeonato Brasileiro e o título Estadual de 2014. Nada mal para quem começou essa trajetória na Segunda Divisão local e sem competição nacional alguma a disputar. Houve quem tentasse desmerecer a conquista da Copa da Primeira Liga, alegando que os grandes times disputaram com equipes reservas, que o torneio não é oficial e não dá vaga em nenhuma outra competição. Mas a seriedade com que o Londrina se dedicou à disputa, a linda festa de quarta-feira no Café e o fato de o Atlético Mineiro, um dos maiores clubes brasileiro­s, ter vindo ao Norte do Paraná com seu time titular acabaram com qualquer má vontade: é para ter orgulho, sim. Para Londrina, a projeção nacional da conquista alvicelest­e é uma injeção de autoestima em uma cidade que teve o amor próprio ferido nas últimas décadas por instabilid­ade política e pela fama de ser berço de escândalos de corrupção. Para o futebol paranaense, a taça é a segunda grande conquista do ano – a primeira foi o título do Operário na Série D do Brasileiro e o acesso à Terceira Divisão. Momento de euforia que pode ser prolongado com o retorno do Paraná Clube à elite do futebol nacional (feito que o Londrina também persegue) e outra classifica­ção do Atlético à Libertador­es. Mas a alegria não pode esconder que ainda há o que ser mudado. A três anos do fim da parceria com a empresa que administra o departamen­to de futebol, o LEC precisa se preparar para andar com as próprias pernas, e há pouca ou nenhuma sinalizaçã­o nesse sentido. Para a cidade, a lua de mel com o clube batizado com seu nome precisa ser o início do fim da cultura de bater palma na frente do telão para o time dos outros e só dar importânci­a ao seu representa­nte em dia de “jogo bom”. Para o futebol paranaense, que já viveu momentos em que acreditou que estava adentrando o panteão habitado por enquanto apenas por Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul e depois se frustrou com a volta à realidade, é hora de deixar a autofagia de lado e se estruturar definitiva­mente para glórias duradouras – ao invés de um ou outro brilho temporário.

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