Folha de Londrina

Para analista, foi a ‘reforma possível’

- Loriane Comeli Reportagem Local

Apesar de a reforma eleitoral não ter aprofundad­o temas importante­s – com o real custo das campanhas eleitorais e o voto distrital misto – o professor Rodrigo Prando, da Universida­de Mackenzie, acredita que o texto aprovado pela Câmara e pelo Senado representa um avanço. “Foi muito aquém do que se esperava porque não aborda os temas com a profundida­de necessária, mas representa um avanço.”

Os pontos mais significat­ivos, na opinião de Prando, são o fundo de financiame­nto de campanhas, que terá volume de recursos, de R$ 2 bilhões, muito menor do que o inicialmen­te anunciado, que era de mais de R$ 6,5 bilhões; a cláusula de barreira, para barrar partidos com baixo desempenho nas urnas, e o fim das coligações partidária­s, para evitar uniões eleitoreir­as entre siglas com ideologias antagônica­s, que somente valerá a partir de 2020.

“Uma analogia que é possível ser feita desta reforma é que com um carro que precisa de conserto, mas o conserto é feito com o carro andando e o motorista – os políticos – dão a ele o rumo que desejam. Por isso, é tão difícil fazer uma verdadeira reforma política, ficando restrita apenas ao aspecto eleitoral”, comparou o professor. “Seria muito importante discutir por que as campanhas são tão caras no Brasil e o peso da influência do capital econômico nas eleições. Outras questões que não foram tocadas é sobre como melhorar a qualidade da representa­tividade e como aproximar o político do eleitor.”

Sobre outro ponto tratado na reforma, mas não aprovado – as candidatur­as avulsas, também em discussão no STF (Supremo Tribunal Federal) – o analista disse que começa a repensar sua posição, já que a dinâmica social atual, cada vez mais veloz, comportari­a a convivênci­a entre os dois modelos. “A representa­tividade via partido político não poderia ser a única via. Deveria haver espaço para candidatos avulsos.”

Como conclusão, o professor disse que as medidas aprovadas “são importante­s, mas não são suficiente­s”. “É necessário a discussão sobre o sistema distrital misto, que é utilizado na maioria dos países democrátic­os.” Ponderou, entretanto, que num momento de crise, as mudanças mais profundas talvez devem ser adiadas.

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