Folha de Londrina

Vigia põe fogo em creche e mata crianças

- Folhapress

São Paulo e Salvador - O segurança de uma creche municipal de Janaúba (MG), a 554 km de Belo Horizonte, ateou fogo em crianças e em si mesmo dentro da unidade, deixou uma menina e três meninos de 4 anos mortos e ao menos 25 feridos na manhã desta quinta (5).

O ataque ao centro de educação infantil Gente Inocente deixou em choque a cidade de 72 mil habitantes do interior de Minas Gerais. Dos 25 feridos, 22 eram crianças – os locais e as porcentage­ns de superfície corporal queimados variam, mas a maioria está em estado grave.

O ataque feito por Damião Soares dos Santos, 50, que também morreu, foi premeditad­o, segundo a polícia, que encontrou galões com combustíve­l na casa dele. A polícia afirmou que Damião “tinha problemas mentais e era obcecado por crianças” – e que a data era simbólica para ele por marcar os três anos da morte do pai.

O segurança fazia a vigilância noturna na creche havia quase uma década. Ele disse à família, na terça-feira (3), “que daria um presente a todos se matando em breve”. A maioria das crianças feridas teve que ser transferid­a para hospitais de Montes Claros e de Belo Horizonte. O caso mais grave entre os adultos era da professora Heley Abreu Batista, que teve 90% do corpo queimado.

Segundo testemunha­s, Damião ateou fogo ao próprio corpo em uma das três salas da creche e, em seguida, foi em direção às crianças. Parte estava no pátio da unidade, onde haveria uma atividade da Semana da Criança.

O prefeito de Janaúba, Carlos Isaildon Mendes (PSDB), afirmou que Damião retornaria de férias nesta quinta. A creche, que funciona em período integral, tem capacidade para 82 crianças e estava cheia. “Ele entrou na escola dizendo que iria entregar um atestado médico, alegando que não passava bem”, disse. A secretária municipal de Educação, Luzia Angélica Santos, afirmou que Damião nunca havia se envolvido em problemas. “É algo inexplicáv­el, ninguém entende.”

O prefeito disse que a tragédia “poderia ter sido pior”, já que a sala onde Damião entrou tinha crianças de até cinco anos. “A sala ao lado era a do berçário, e evacuar crianças dali seria muito mais difícil. Onde ele atacou as vítimas são maiorzinha­s, e muitas conseguira­m escapar.”

O delegado Bruno Barbosa Fernandes disse que Damião estava em tratamento psiquiátri­co desde 2014. “Ele nunca precisou ser afastado do trabalho nem tinha contato com crianças, já que era segurança noturno. O que ele fez foi covarde, mas nunca tinha manifestad­o nada disso no ambiente de trabalho.”

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