Folha de Londrina

Dar propósito a equipe favorece produtivid­ade

Em palestra no Lidere, executivo afirma que liderança exige facilitaçã­o para que empregado se sinta útil na função

- Fábio Galiotto Reportagem Local

Amelhor forma de ter um negócio sustentáve­l é dar propósitos às equipes, para gerar satisfação nos funcionári­os. A opinião é do ex-presidente da Elektro Márcio Fernandes, que deixou há 20 dias o comando de uma das maiores distribuid­oras de energia elétrica do mundo com 100% de satisfação entre empregados, além de sete prêmios consecutiv­os Great Place to Work (Melhor Empresa para se Trabalhar). Ele também é autor do livro “Felicidade dá lucro”, da editora Portfolio Penguin.

O executivo ministrou a palestra sobre gestão e liderança na quinta-feira, 5, no Lidere 2017, organizado pela Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina) para comemorar os 80 anos da entidade. O evento, no Espaço Villa Planalto, e contou com apoio do Grupo Folha.

No comando da Elektro de 2011 até o último dia 15, Fernandes afirmou que a filosofia de gestão que privilegia pessoas permitiu que a empresa aumentasse a produtivid­ade em 40% e tivesse um índice de rentabilid­ade duas vezes maior do que a média do setor. Além de favorecer a relação entre empresa e empregado, ele disse que a prática favorece a subsistênc­ia de uma companhia muito mais do que políticas de retenção de funcionári­os, o que ele considera ultrapassa­do. “A sociedade atual não aceita ser retida. Trabalha com propósito. Tenho de acreditar ou não vou ficar. E imagina o que vai acontecer com os filhos dessa geração”, sugeriu, ao lembrar que a busca pelo ser é cada vez mais importante do que o ter.

Para o executivo, as pessoas precisam de propósitos no trabalho e, caso não os tenham, são os líderes que precisam ajudar a criar esses objetivos. O que, por experiênci­a, disse não ser tão difícil. “Se pegarmos nessa plateia, chego ao propósito de 80% das pessoas e com cinco propósitos identifico 99%. E depois que descubro o porquê, fica mais fácil definir o como (fazer).”

A prática é ainda mais necessária em períodos de crise como a atual, em que o pessimismo toma conta e faz com que a culpa recaia sobre a empresa, o País, o líder, segundo Fernandes. Nesse cenário, ele não enxerga chance de se prosperar sem resgatar a proximidad­e, a credibilid­ade e a confiança, com base em valores em comum. “Aí a pessoa diz, “ah, mas vou ser traído”. Você já é traído, não vai mudar nada. O que pode acontecer é que, com confiança, esse índice vá diminuir muito”, explicou.

NA PRÁTICA

Na Elektro, ele contou que a primeira escolha de propósito para desenvolve­r foi o tema educação, usado como bandeira em todas as ações e que automatica­mente conquistou a admiração dos clientes. “Criamos desenvolvi­mento que envolve projetos sociais, formação dos nossos filhos, projetos de educadores, inclusão de pessoas, formação de estagiário­s, escola de eletricist­as, escola de agente de faturament­o, escola de tudo”, disse. “Sabe quanto custou? Zero. Porque propósito é derivado do amor e amor não se paga. Pessoas fazem porque querem e fora do horário de expediente”, completou.

Mesmo entre as famílias de funcionári­os houve interesse, o que fez com que até 12 mil pessoas passassem a fazer parte, como multiplica­dores ou aprendizes, de atividades de educação. “Quem transformo­u essa empresa fui eu? Não. Só controlei meu ego para não atrapalhar o time, que fez tudo”, disse Fernandes.

Em outro exemplo, ele contou que um grupo decidiu buscar candidatos a menor aprendiz em 228 orfanatos nas cidades onde a empresa atuava. “Colocamos 70 jovens naquelas áreas com maior dificuldad­e de se reconhecer um propósito e isso fez com que as pessoas mudassem, porque estavam envolvidas em algo bom.”

Para o executivo, é possível se desenvolve­r sozinho, mas isso apenas garante maior efetividad­e ao profission­al. “Só mudo de patamar quando compartilh­o, porque abro espaço para o outro na minha vida e deixo de ser eu, para passar a viver o nós”, disse. “Combinar efetividad­e e afetividad­e transforma­m as nossas possibilid­ades e mudam nosso nível de consciênci­a.”

Combinar efetividad­e e afetividad­e transforma­m as nossas possibilid­ades e mudam nosso nível de consciênci­a.”

 ?? Ricardo Chicarelli ?? Márcio Fernandes deixou a presidênci­a da Elektro com 100% de satisfação dos funcionári­os
Ricardo Chicarelli Márcio Fernandes deixou a presidênci­a da Elektro com 100% de satisfação dos funcionári­os

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