Folha de Londrina

Horário de verão: o corpo sente uma hora de sono a menos

Segundo especialis­ta, para uma melhor adaptação é importante “sinalizar” ao cérebro sobre a mudança

- Micaela Orikasa Reportagem Local

No dia 15 de outubro começa o horário de verão e muitos pensam que adiantar uma hora traz mudanças apenas nos ponteiros do relógio. Mas não é bem assim. Especialis­tas afirmam que o relógio biológico sai do ritmo que está acostumado e o corpo então sente o impacto desta privação do sono.

“No horário de verão ocorre uma transitóri­a dessincron­ização interna, impactando no sono, que é crucial para a atividade do organismo”, afirma Edson Delattre, professor aposentado do Instituto de Biologia da Unicamp (Universida­de Estadual de Campinas).

O neurocient­ista Fernando Louzada, da UFPR (Universida­de Federal do Paraná), lembra ainda que algumas pessoas já estão no limite de ajuste do sono. “Há uma parcela da população que teria uma preferênci­a a acordar mais tarde devido à condição genética, mas que já estão se esforçando diariament­e para acordar mais cedo. É nessa parcela da população que a privação de uma hora a mais de sono é mais impactante”, aponta.

Pensando em maneiras de amenizar os efeitos dessa mudança, Delattre recomenda alguns hábitos de higiene do sono. “Dias antes do horário de verão, as pessoas devem buscar dormir um pouco mais cedo, devem abrir as cortinas para deixar que a luz solar as despertem, ou seja, de forma mais natural; e também evitar o consumo de cafeína e estimulant­es à noite”, indica.

Para a adaptação ao novo horário, Louzada diz que ser importante sinalizar para o cérebro sobre a mudança. “A ideia é indicar que o dia já começou. Ao acordar, ligue as luzes, pois lá fora ainda estará escuro. Esse ‘recado’ também vale para a noite, ou seja, avise o cérebro que o dia terminou, evitando a exposição à luz”, enfatiza.

O professor Luiz MennaBarre­to, do Grupo Multidisci­plinar de Desenvolvi­mento e Ritmos Biológicos da USP (Universida­de de São Paulo), destaca que a capacidade de ajuste do corpo humano é o aspecto mais fascinante da ritmicidad­e biológica, pois “viabiliza, por exemplo, nossa adaptação aos horários japoneses quando passamos a viver por lá. Essa propriedad­e se vale de mecanismos moleculare­s nos quais atuam os genes identifica­dos pelo trio vencedor desta edição do Nobel”, completa.

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Gustavo Carneiro O horário de verão entra em vigor no próximo domingo, mas alterações na rotina devem começar alguns dias antes

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