Horário de verão: o corpo sente uma hora de sono a menos
Segundo especialista, para uma melhor adaptação é importante “sinalizar” ao cérebro sobre a mudança
No dia 15 de outubro começa o horário de verão e muitos pensam que adiantar uma hora traz mudanças apenas nos ponteiros do relógio. Mas não é bem assim. Especialistas afirmam que o relógio biológico sai do ritmo que está acostumado e o corpo então sente o impacto desta privação do sono.
“No horário de verão ocorre uma transitória dessincronização interna, impactando no sono, que é crucial para a atividade do organismo”, afirma Edson Delattre, professor aposentado do Instituto de Biologia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
O neurocientista Fernando Louzada, da UFPR (Universidade Federal do Paraná), lembra ainda que algumas pessoas já estão no limite de ajuste do sono. “Há uma parcela da população que teria uma preferência a acordar mais tarde devido à condição genética, mas que já estão se esforçando diariamente para acordar mais cedo. É nessa parcela da população que a privação de uma hora a mais de sono é mais impactante”, aponta.
Pensando em maneiras de amenizar os efeitos dessa mudança, Delattre recomenda alguns hábitos de higiene do sono. “Dias antes do horário de verão, as pessoas devem buscar dormir um pouco mais cedo, devem abrir as cortinas para deixar que a luz solar as despertem, ou seja, de forma mais natural; e também evitar o consumo de cafeína e estimulantes à noite”, indica.
Para a adaptação ao novo horário, Louzada diz que ser importante sinalizar para o cérebro sobre a mudança. “A ideia é indicar que o dia já começou. Ao acordar, ligue as luzes, pois lá fora ainda estará escuro. Esse ‘recado’ também vale para a noite, ou seja, avise o cérebro que o dia terminou, evitando a exposição à luz”, enfatiza.
O professor Luiz MennaBarreto, do Grupo Multidisciplinar de Desenvolvimento e Ritmos Biológicos da USP (Universidade de São Paulo), destaca que a capacidade de ajuste do corpo humano é o aspecto mais fascinante da ritmicidade biológica, pois “viabiliza, por exemplo, nossa adaptação aos horários japoneses quando passamos a viver por lá. Essa propriedade se vale de mecanismos moleculares nos quais atuam os genes identificados pelo trio vencedor desta edição do Nobel”, completa.