Folha de Londrina

PROTESTO

Presidente do TSE apoia financiame­nto público de campanhas e destaca pontos positivos da reforma política; manifestan­tes protestam com tomates

- Marco Rodrigo Almeida Folhapress

Em debate em São Paulo, o presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, elogiou pontos da reforma política e a criação do fundão, “relevante no contexto de doações empresaria­is proibidas”. Manifestan­tes, críticos da concessão de liberdade a condenados pela Lava Jato, atiraram tomates

São Paulo - O presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, destacou na manhã segunda-feira (9) os pontos que avalia positivos na reforma política aprovada pelos congressis­tas: o fim das coligações para as eleições legislativ­as e a criação da cláusula de desempenho. Mendes participou junto com o deputado federal Evandro Gussi (PV-SP) e o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) de um debate no IDP (Instituto de Direito Público de São Paulo) - do qual o ministro é sócio - sobre a reforma política aprovada pelo Congresso na semana passada. Um grupo de manifestan­tes atirou tomates contra Gilmar.

“Também foi relevante a criação do fundo eleitoral, nesse contexto de proibição das doações empresaria­is”, disse Mendes, que também é ministro do STF (Supremo Tribunal Federal). Cunha Lima concordou com o ministro em relação às coligações e à cláusula de desempenho. “O Brasil não pode continuar convivendo com essa quantidade de partidos políticos que temos. É uma falência de nosso modelo”, disse Cunha Lima. Ele considera, no entanto, que houve retrocesso quanto ao financiame­nto das campanhas. “Sou contra o fundo público, por ser a favor do financiame­nto privado. Os partidos são entidades privadas e assim devem funcionar”, disse.

O fundo público aprovado na semana passada distribuir­á no ano que vem cerca de R$ 2 bilhões aos partidos para financiar as campanhas eleitorais. Para Cunha Lima, as regras aprovadas criam brechas nocivas, como a possibilid­ade de que os partidos realizem eventos como bingos, rifas e bazares para arrecadar recursos. “Serão feitos rifas e bingos por toda parte. Controlar isso será impossível”, comentou. “Estamos muito longe de um sistema ideal para o forma de financiame­nto. Foi um enorme retrocesso. Esse modelo não ficou pronto. Terá que sofrer alterações nos próximos anos”.

Gilmar Mendes relembrou então que votou contra a supressão das doações empresaria­is no Supremo, em 2015. Voto vencido, considera que o fundo público eleitoral é inevitável no cenário atual: “O pior dos mundos seria não ter o financiame­nto público. Consideran­do os prós e contras, creio que houve avanço com essa medida”.

O impeachmen­t é como uma bomba atômica: existe para não ser usado”

IMPEACHMEN­T

“O impeachmen­t é como uma bomba atômica: existe para não ser usado”, disse Gilmar Mendes. O ministro afirmou que o fato de o Brasil ter passado por dois processos de destituiçã­o do presidente da República em 25 anos é um indício de que o modelo de presidenci­alismo de coalização está esgotado. “Nós acabamos fazendo uma espécie de parlamenta­rização do impeachmen­t, usando-o para desfazer impasses. Mas é claro que o impeachmen­t é extremamen­te traumático.”

“Não seria mais adequado repensar o modelo?”, questionou o ministro. “Talvez, devêssemos discutir um modelo alternativ­o a este que aqui está e já propiciou muitos desconfort­os.”

PROTESTO

Mendes foi recebido com protesto no IDP. Antes do início do evento, um grupo de cerca de dez pessoas jogou tomates na portaria do local, e vários carros também foram atingidos. Os manifestan­tes reclamavam que Gilmar Mendes concedeu liberdade a condenados pela Lava Jato.

“Ei Gilmar, me diz por que, você sempre solta seus amigos e os amigos do poder”, entoavam os manifestan­tes. Os manifestan­tes também apresentar­am uma lista de reivindica­ções: fim do fundo partidário, fim do financiame­nto público de campanha, fim da reeleição. Defendiam a impressão do voto na urna eletrônica e a adoção do voto distrital.

 ?? Nelson Antoine/Estadão Conteúdo ??
Nelson Antoine/Estadão Conteúdo
 ?? Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo ?? Os manifestan­tes reclamavam que Gilmar Mendes concedeu liberdade a condenados pela Lava Jato e, como protesto, atiraram tomates no carro do ministro do STF
Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo Os manifestan­tes reclamavam que Gilmar Mendes concedeu liberdade a condenados pela Lava Jato e, como protesto, atiraram tomates no carro do ministro do STF

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil