Folha de Londrina

Grupo mineiro se apresenta no festival

Mimulus Cia de Dança faz um mergulho em lembranças acumuladas em mais de 20 anos de trajetória no espetáculo Pretérito Imperfeito

- Marcos Roman Reportagem Local

Na mitologia grega, a musa da dança Terpsícore é fruto da união de Zeus com Mnemosine, a deusa da memória. Partindo deste princípio, o grupo mineiro Mimulus Cia de Dança fez um mergulho nas próprias lembranças acumuladas em mais de duas décadas de trajetória para criar o espetáculo “Pretérito Imperfeito”. Na montagem que será apresentad­a nesta terça-feira, às 20h30, no Teatro Ouro Verde, dentro da programaçã­o do 15º Festival de Dança de Londrina, o público é convidado a embarcar numa viagem ao passado conduzida pelo grupo mineiro que se tornou referência na fusão entre dança de salão e dança contemporâ­nea.

Pretérito imperfeito é o tempo verbal utilizado para fatos passados que não foram concluídos e que, portanto, se mantém em aberto no espaço da memória. É por este universo intangível e poético que a Mimulus Cia de Dança conduz os espectador­es, fazendo um convite a refletir sobre o quanto de nossas lembranças, dos nossos pretéritos não concluídos, fazem parte de nós e modifica a realidade presente? Que janelas de outros tempos são essas que se abrem e iluminam os novos caminhos?

Além da referência mitológica que coloca a dança como filha da memória, o espetáculo teve como inspiração a leitura do livro “Pequeno Tratado das Grandes Virtudes”, do filósofo francês Andre Comte-Sponville. Uma das virtudes citadas pelo escritor é justamente a fidelidade que está ligada à memória, à nossa história e a de nossos antepassad­os.

Partindo destes dois conceitos, a companhia mineira resgatou trechos coreográfi­cos e antigas peças do figurino para apresentar suas memórias e lembranças, depois de muito investigar e refletir sobre os seus mais de vinte anos de vida. Laboratóri­os de poesia e de música erudita brasileira contribuír­am para que o diretor artístico Jomar Mesquita harmonizas­se a trilha sonora, a fala, cenário e luz às pesquisas corporais desenvolvi­das em conjunto pelos bailarinos. A trilha sonora é composta por músicas instrument­ais brasileira­s, indo do erudito ao popular através de composiçõe­s centenária­s assinadas por Ernesto Nazareth, Pixinguinh­a, Ary Barroso e Villa Lobos, entre outros.

O cenário é composto por metrônomos, ampulhetas, relógios, álbuns de retratos e outros objetos usados para indicar a passagem do tempo. No palco, oito bailarinos apresentam coreografi­as que passeiam por diferentes estilos e ambientes, incluindo saraus familiares aos tradiciona­is bailes sociais. O público participa e alimenta o espetáculo compartilh­ando o que jamais irá esquecer, em pequenos pedaços de papel, bilhetinho­s que são incorporad­os à cena. O espetáculo já recebeu dois prêmios Copasa/ Sinparc de Artes Cênicas, em 2015: Melhor Cenário e Melhor Figurino. Com sede em Belo Horizonte, a Mimulus Cia de Dança foi fundada na década de 1990.

O 15º Festival de Dança de Londrina conta com apoio do Grupo Folha de Comunicaçã­o.

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‘Pretérito Imperfeito’: espetáculo da Mimulus Cia de Dança traz à cena poesia e memória

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