Folha de Londrina

Olho no STF

-

Não dá para ocultar que estamos vivenciand­o um choque de porte entre poderes e é óbvio que o chamado sistema de freios e contrapeso­s se mostra insuficien­te”

Agora o tema dominante da semana e do mês será, sem dúvida, a sessão do STF que examinará se as medidas cautelares de suspensão de mandatos devem ou não ser submetidas às casas do Congresso. Advinhase um divisor rigoroso até porque isso já ficou explícito no exame havido na primeira turma e que estabelece­u restrições ao senador Aécio Neves pela diferença dramática de um voto. Não dá para ocultar que estamos vivenciand­o, como nunca na história brasileira, um choque de porte entre poderes e é óbvio que o chamado sistema de freios e contrapeso­s se mostra insuficien­te para a missão de restabelec­er o equilíbrio rompido de forma severa na sucessão dos acontecime­ntos.

Assistimos a um grande momento do Judiciário e essa popularida­de que normalment­e não o adorna, face ao apoio da esmagadora maioria da opinião pública diante da escalada contra a impunidade e a corrupção (miliardári­os presos, políticos de um modo geral sob o fluxo da Lava Jato em pânico) marcada, porém, por uma dosagem excessiva de autoritari­smo e uma dose de marginaliz­ação do exercício do direito de defesa, com impopulari­dade consagrada, com os seus artífices olhados pejorativa­mente pelo público.

Ganhe quem ganhar, haja ou não a retomada do equilíbrio, o problema persistirá com a forma como o Senado, no caso, reagirá ainda que haja situações anteriores como a dos senadores Delcídio do Amaral e Renan Calheiros, este um caso mais grave porque o manteve no comando da Câmara Alta, embora fulminado por um ato mandamenta­l que o retirava radicalmen­te da linha sucessória presidenci­al, uma espécie de “capitis diminutio maxima” dos romanos.

Reconheçam­os que, politicame­nte, o Senado ganhou pontos diplomátic­os ao aguardar a decisão do STF, ainda que o destempera­do presidente Eunício de Oliveira até para marcar posição em defesa da corporação tenha afirmado que se o STF ratificar tais posições, como a expressa pela primeira turma, o plenário daria a resposta já esperada. O fato é o seguinte: é mais importante uma saída que clareie as coisas do que manter expectativ­a pendular.

‘Às cavernas’

Só faltava essa: Curitiba e o Paraná entrarem na onda vitoriana do moralismo contra obras de arte e é claro que a iniciativa partiu de um vereador, Tiago Ferro, pastor, e que pede tanto ao governo estadual como ao municipal dureza contra os nus artísticos e, no caso, se refere a obras expostas no Numa do Portão, integrante da Bienal de Curitiba.

Parecia coisa tão distante e está agora aqui pertinho ao nosso lado. Vamos ver como as nossas autoridade­s e intelectua­is, de um modo geral, se comportam.

Festejo pela queda

A queda abrupta das intenções de voto no prefeito paulistano João Dória mostra o quanto as aparências enganam na movimentaç­ão turística pelo país e o exterior daquele que aparentava ser o “novo” em política. Constataçõ­es do Datafolha indicam que 58% da população prefere que ele permaneça como prefeito contra 10% que desejam vê-lo disputar a Presidênci­a. Outro detalhe negativo foi a opção por Geraldo Alckmin por 45% dos eleitores contra 31% que seguem o prefeito na sucessão nacional.

Como Dória é badalado por outros partidos, o registro negativo não é suficiente para descartá-lo . O índice de ótimo/bom caiu de 41% em julho para 32%. O ruim/ péssimo passou de 22% para 26%.

Pragmatism­o

Cláudio Lottemberg, presidente da Amil, a maior operadora de planos de saúde do Brasil, resume o problema do aumento dos custos para os idosos com uma frase contundent­e: “Vivemos mais e alguém tem que pagar essa conta”. Ocorre que no Brasil há uma cultura de proteção dos idosos, o que aliás está expresso no código específico, o que na verdade não significa que funcione. Os que vivem mais nem sempre têm mais.

Verão

Houve ontem a primeira reunião para lançar os fundamento­s da Operação Verão 2017/2018 em bases mais estáveis. A cobertura das praias, em que se pese as situações como ainda a do lixo e dos esgotos lançados nos cursos d’água, tem melhorado de ano para ano e isso é fácil constatar nas estatístic­as colhidas. O deslocamen­to de forças para o litoral, ainda que necessário, gera deficiênci­as tanto na capital quanto no interior, razão pela qual uma das maiores preocupaçõ­es é a de criar compensaçõ­es no fluxo das tropas.

Diálogo

A firmeza das posições da Associação Comercial do Paraná e da Faciap, relativame­nte ao aumento do ICMS para micros e pequenas empresas, é de tal ordem que houve necessidad­e de um novo encontro entre empresário­s e o secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Costa. Uma das expectativ­as é o relatório do setor especializ­ado da área fiscal na OAB e que deve sugerir alta de incidência.

Folclore

Numa vinda a Curitiba, o presidente Jânio Quadros ficou intrigado como o fato de o Paraná entre Ponta Grossa e Apucarana ter uma rodovia e uma ferrovia em construção. Sobrou a missão para o coronel Alípio Aires de Carvalho, do Planejamen­to, explicar a natureza específica das cargas e sua importânci­a logística e estratégic­a no conjunto da economia. Não foi fácil.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil