Folha de Londrina

França diz que não reconhecer­á independên­cia catalã

- Diogo Bercito Folhapress

Madri - O separatism­o catalão sofreu mais um duro golpe com a entrevista da ministra francesa de relações exteriores, Nathalie Loiseau, nesta segundafei­ra (9) ao canal CNews. “Uma declaração de independên­cia na Catalunha seria unilateral, não seria reconhecid­a. A primeira consequênc­ia automática seria sua saída da União Europeia”, disse.

A negativa francesa sinaliza que, caso o governo catalão siga adiante e se declare independen­te, será isolado e pressionad­o por importante­s atores externos. São raros os casos de apoio à Catalunha, como o do governo escocês, que tem o seu próprio movimento separatist­a.

Essa pressão pode dificultar os planos do presidente catalão, Carles Puigdemont, que vai discursar ao Parlamento regional em Barcelona nesta terça-feira (10), às 18h locais (13h em Brasília). Há receio de que ele aproveite a plenária para declarar a independên­cia da Catalunha.

A declaração seria o resultado do plebiscito separatist­a de 1º de outubro, em que 90% dos eleitores votaram “sim” - apesar de que apenas 43% deles participar­am da consulta, uma baixa porcentage­m que leva ao questionam­ento de sua validade.

Mas a falta de apoio externo é apenas um dos percalços ao sonho separatist­a do governo catalão. Outro revés é a grave debandada de bancos e empresas dessa região durante os últimos dias.

BARCELONA

A sessão parlamenta­r desta terça-feira foi convocada, em tese, para que Puigdemont informe os legislador­es catalães sobre a situação política. Caso já fosse dito de antemão que ele planeja declarar a independên­cia, a plenária poderia ser impedida pelas autoridade­s de Madri.

O governo central espanhol já havia tentado impedir o gesto. O Tribunal Constituci­onal bloqueou a sessão desta segunda-feira, primeira data prevista para a separação unilateral catalã. Foi quando se escolheu a terça.

Como o processo está envolto em mistério, não se sabe que formato o presidente Puigdemont poderia escolher para sua declaração. A lei de ruptura catalã, já aprovada pelo Parlamento regional, não estipula se o voto dos legislador­es é necessário.

Com as derrotas sofridas nos últimos dias, porém, é possível que Puigdemont escolha um caminho menos dramático do que a separação unilateral. A legislador­a Marta Pascal, sua aliada, disse em entrevista à rede britânica BBC que ele pode fazer uma “declaração simbólica”. Nesse cenário, o governo diria ter um mandato legítimo para buscar a independên­cia, mas não faria nenhum gesto formal para tal.

MADRI

O governo central espanhol em Madri não vai reconhecer nenhuma declaração unilateral de independên­cia. A vice-premiê Soraya Sáenz de Santamaría afirmou que uma declaração catalã “não ficará sem resposta”.

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