Folha de Londrina

Renata Pallottini é a vencedora do Troféu Juca Pato

- Reportagem Local

A União Brasileira dos Escritores (UBE)vai entregar no próximo dia 24, a partir das 19 horas, na Academia Paulista de Letras, em São Paulo ,o Troféu Juca Pato 2017, o mais importante prêmio intelectua­l do país, à poetisa, dramaturga e ensaísta Renata Pallottini. Renata ganhou o prêmio pelo conjunto da carreira e especifica­mente pelo livro “Poesia Não Vende”, publicado em 2016 pela Hucitec Editora. “É uma honra imensa ganhar o Juca Pato, especialme­nte por tê-lo visto nascer, muitos anos atrás, quando fiz parte da reunião de criação desta belíssima homenagem à literatura brasileira. Recebo com alegria e uma boa dose de emoção este prêmio”, comenta Renata.

“A UBE faz justiça a uma grande intelectua­l brasileira, escritora polimática e defensora histórica das causas humanístic­as”, comentou Durval Noronha de Goyos Jr, presidente da entidade.

A escritora conta que “Poesia Não Vende” surgiu da necessidad­e de reunir poemas feitos ao longo de muitos anos e que ela sentiu necessidad­e de tornar público no ano passado. E o nome do livro tem uma história curiosa. “Certa vez, fui a uma livraria e perguntei ao dono porque eles não colocavam livros de poesia nas estantes principais. O homem me respondeu: ‘Ah senhora, mas que bobagem! Poesia não vende!’. Achei essa fala muito oportuna para o título do livro”, comenta.

O livro possui 130 poemas que abordam diversos temas, de perdas afetivas e emocionais à pressa do mundo contemporâ­neo. Também toca em problemas profundos do Brasil.

Renata Monachesi Pallottini, paulistana nascida em 1931, além de poetisa é contista, autora de literatura infantojuv­enil, dramaturga, roteirista e professora. Formada em direito pela Universida­de de São Paulo e filosofia pela PUC-SP, começou como revisora na tipografia da família, onde imprimiu quase que manualment­e seu primeiro livro de poemas, “Acalanto”. Fez artes cênicas na USP e começou como docente em 1964, além de trabalhar com teatro e roteiro para TV. No teatro montou a peça “A Lâmpada” (1960) e “O Crime da Cabra” (1965). Na TV foi roteirista do infantil Vila Sésamo e tradutora e roteirista de séries como Malu Mulher ( TV Globo). Na literatura, sua obra poética inclui livros como “A Faca e a Pedra” (1962), “Os Arcos da Memória” (1971), “Noite Afora” (1978), “Esse Vinho Vadio” (1988) e “A Menina que Queria ser Anja” (1987). Apesar de vinculada à terceira geração do modernismo, sempre foi uma poetisa independen­te de escolas.

Renata já tem um próximo projeto, um romance inspirado na vida de seu avô, que veio da Itália, no começo do século 20, e foi morto “pelos donos do poder” em 1918 por apresentar as ideias do anarquismo no Brasil. “Vou arriscar um romance, ainda que a poesia seja, neste momento, a única forma de manifestar liberdade e esperança, já que a realidade está dura demais”, comenta.

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Reprodução Renata Pallottini: “Vou arriscar um romance, ainda que a poesia seja, neste momento, a única forma de manifestar liberdade e esperança”

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