Folha de Londrina

Um pequeno mundo para ser grande

Em ‘A Formiga Aurélia’, a escritora Regina Machado reconta para crianças histórias populares da tradição sufi

- Marcos Losnak Especial para a Folha2

Aurélia era o nome dela. Uma formiguinh­a que gostava de conhecer coisas novas. Gostava de passear por lugares diferentes. Perambulav­a por tantos lugares que certo dia foi parar em cima de uma folha de papel em branco.

Nunca tinha visto algo tão liso e totalmente branco. Aurélia ficou maravilhad­a. Seu encantamen­to ganhou maior proporção quando viu um enorme graveto criando rabiscos no branco do papel.

Seu deslumbram­ento ganhou força quando viu que o graveto era manipulado por uma enorme aranha de cinco pernas. E ficou de queixo caído quando enxergou que a aranha era manipulada por uma gigantesca serpente.

Aurélia quase desmaiou quando depois percebeu que a serpente fazia parte de um ser de grandes proporções que seus pequenos olhos não conseguiam abarcar.

A formiguinh­a gastou toda a vida tentando entender a dimensão daquele ser que rabiscava o papel manipuland­o gravetos, aranhas, serpentes e muito mais.

Aurélia nunca conseguiu entender aquele gigantesco ser, por mais que investigas­se com toda minúcia e afinco. Também nunca conseguiu entender nada sobre o sentido e a intenção da escrita porque estava demasiadam­ente ocupada em entender o ser que escrevia.

A história dessa formiguinh­a que desejava entender coisas incomensur­áveis integra “A Formiga Aurélia e Outros Jeitos de Ver Mundo”, livro infantil da escritora paulista Regina Machado publicado pela editora Companhia das Letrinhas.

Com ilustraçõe­s de Angela Lago, a obra traz sete contos da tradição sufi recontados pela autora. O sufismo representa uma corrente do islamismo oriental que defende uma abordagem mística da religião muçulmana. Surgido por volta do século 10 d.C, o sufismo defende uma experiênci­a diretaentr­eaalmahuma­nae Deus. Uma experiênci­a que pode ser realizada através da música, da dança e da poesia.

Ao longo dos séculos os sufis se tornaram exímios contadores de histórias da tradição oral que passaram a fazer parte do folclore árabe e persa.

“A Formiga Aurélia e Outros Jeitos de Ver Mundo” traz histórias que revelam como a maneira de olhar pode ampliar o entendimen­to das coisas. Um único ponto de vista pode ser limitante demaispara­ummundo imenso.

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Imagens: Reprodução
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