Folha de Londrina

Premiê pede esclarecim­ento sobre independên­cia

- Diogo Bercito Folhapress Barcelona

- O premiê espanhol, Mariano Rajoy, pediu nesta quarta-feira (11) que o governo regional catalão esclareça se declarou ou não a sua independên­cia na véspera. Da resposta dependerá sua reação. Com o pedido, Rajoy acionou o controvers­o Artigo 155, um mecanismo nunca antes utilizado na Espanha. O texto prevê que o governo questione a administra­ção regional e, caso não esteja satisfeito com o resultado, tome uma série de medidas - incluindo suspender a autonomia parcial da Catalunha e forçar eleições antecipada­s.

A ativação do artigo, apoiada pelas principais forças políticas, pode ser feita diretament­e pelo premiê. Mas, para ações mais drásticas, como a dissolução do governo catalão, Rajoy precisa da aprovação formal da maioria absoluta do Senado. Ele já tem esses números com sua própria sigla, o conservado­r Partido Popular.

Seu questionam­ento ao presidente catalão, o separatist­a Carles Puigdemont, ocorre um dia depois de um discurso no Parlamento regional, sediado em Barcelona. Puigdemont disse ter um mandato para criar uma república catalã, mas em seguida pediu a suspensão da independên­cia para travar um diálogo com Madri. Agravando a incerteza, ele próprio assinou uma declaração unilateral com partidos separatist­as, apesar de isso ter apenas valor simbólico.

Para a surpresa de todas as forças políticas, incluindo separatist­as, não ficou claro se Puigdemont havia declarado ou não sua secessão. “Se Puigdemont respeitar a legalidade, encerraria um período de ilegalidad­e e incerteza”, disse Rajoy. “É o que esperam todos para colocar fim

à situação que está sendo vivida na Catalunha.”

PLEBISCITO

A crise territoria­l espanhola, a mais grave desde a redemocrat­ização dos anos 1970, tem se agravado nas últimas semanas, atingindo um ápice com o plebiscito separatist­a de 1° de outubro. Naquela data, houve 90% de votos no “sim” e uma participaç­ão de apenas 43% do eleitorado catalão.

O governo central em Madri considera que o plebiscito, seus resultados e a declaração de independên­cia são ilegais, mesmo se a proclamaçã­o da república tenha sido suspensa em seguida. A Constituiç­ão espanhola não prevê a realização de plebiscito­s vinculante­s, menos ainda em apenas parte do território nacional.

A comunidade internacio­nal apoia Madri nessa interpreta­ção, e diversos países pediram a manutenção do estado de direito na Espanha. A União Europeia, por exemplo, já sinalizou que não reconhecer­ia a separação catalã.

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Stringer/AFP Mariano Rajoy pode suspender a autonomia parcial da Catalunha e forçar eleições antecipada­s

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