Folha de Londrina

Nuzman renuncia à presidênci­a do COB e vice assume

Preso há uma semana, dirigente estava no cargo fazia 22 anos; Paulo Wanderley Teixeira foi empossado na assembleia geral da entidade

- Folhapress Rio de Janeiro esporte@folhadelon­drina.com.br

- Preso na última quinta-feira (5), Carlos Arthur Nuzman, 76, renunciou nesta quarta-feira (11) à presidênci­a do COB (Comitê Olímpico do Brasil). A saída foi confirmada na assembleia geral da entidade, realizada no Rio de Janeiro. O cartola enviou uma carta para os membros do comitê na qual pediu a renúncia. Nuzman já havia, na sexta (6), enviado carta aos remanescen­tes da cúpula do COB na qual pediu licenciame­nto por tempo indetermin­ado para se defender das acusações de participaç­ão em esquema de compra de votos para eleger o Rio sede da Olimpíada de 2016.

Na mesma carta enviada no sábado, ele se afastou de suas funções no Comitê Organizado­r dos Jogos Rio2016. O vice Paulo Wanderley Teixeira, que desde quinta-feira vinha como presidente em exercício do comitê, foi empossado em definitivo. Ex-jogador de vôlei com participaç­ão na Olimpíada de 1964, em Tóquio, Nuzman destacou-se como dirigente da CBV (Confederaç­ão Brasileira de Vôlei) por 20 anos - entre 1975 e 1995.

Há 22 anos, ele assumiu o comando do COB e ficou à frente da entidade por seis mandatos. Em outubro de 2016, o cartola venceu sua última eleição. O mandato iria até 2020. A assembleia geral desta quarta também decidiu que haverá eleições para definição de um novo vice-presidente, abaixo de Paulo Wanderley Teixeira, e que uma comissão vai propor mudanças no estatuto da entidade em até 45 dias.

PRISÃO

Dirigente responsáve­l por comandar a organizaçã­o dos Jogos Olímpicos de 2016, Nuzman foi preso no dia 5 de outubro com Leonardo Gryner, 64, seu braço direito no comitê organizado­r. Os dois são suspeitos de atuarem na compra de votos para a escolha da cidade para sediar os Jogos Olímpicos.

Na história dos Jogos, Nuzman foi o único presidente do comitê organizado­r a acumular o cargo de mandatário do comitê olímpico do país-sede.

A ação foi um desdobrame­nto da Operação “Unfair Play”, que investiga a compra do voto do senegalês Lamine Diack por US$ 2 milhões. O empresário Arthur César Soares de Menezes, foragido há um mês, foi o responsáve­l por pagar a quantia semanas antes da escolha, em outubro de 2009, em Copenhague, de acordo com as investigaç­ões.

Na última segunda (9), a Justiça aceitou o pedido do Ministério Público Federal para que fosse aceito o pedido de previsão preventiva do cartola. Com isso, Nuzman

PRIMEIROS PASSOS Após a renúncia de Carlos Arthur Nuzman da presidênci­a do COB (Comitê Olímpico do Brasil), Paulo Wanderley falou sobre os próximos passos da entidade. O novo mandatário não negou que o momento é terrível, mas disse

não tem previsão de deixar a prisão. O dirigente está na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na zona norte do Rio. O local tem três beliches, chuveiro de água fria, pia e vaso sanitário. O presídio é o mesmo que abriga Sérgio Cabral, exgovernad­or do Rio. que o esporte, atividade fim do COB, não foi afetado pela prisão do ex-dirigente. O cartola ainda pediu a união de todos em torno da reconstruç­ão:

“O sentimento é de que não é o momento de apontar o dedo, é hora de dar as mãos. O sentimento da comunidade é de lamento, mas o da instituiçã­o é de alívio”, disse Wanderley. Uma nova proposta de estatuto será elaborado por uma comissão, que deverá entregar este novo modelo a ser adotado em 40 dias, prazo estipulado pela Assembleia do COB.

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Mauro Pimentel/AFP O novo presidente do COB, Paulo Wanderley Teixeira: “O sentimento da comunidade é de lamento, mas o da instituiçã­o é de alívio”
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